Brasil entrando nos eixos e agenda agitada no exterior.
O final
de semana foi de relativa tranquilidade do ponto de vista do fluxo de notícias
para a semana que se inicia amanhã. Assim, seguem válidos os últimos comentários
deste fórum, eu podem ser revistos qui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.
Vamos aos últimos eventos de
maneira resumida.
Brasil:
Noticiário mais construtivo desde
o retorno de Bolsonaro de sua última viagem internacional. Destaque neste final
de semana para os acompanhamentos mais anedóticos em torno do apoio à Reforma
da Previdência. Em geral, os sinais são de que o apoio à Reforma vem crescendo
(vide aqui: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,apesar-de-crise-em-articulacao-politica-apoio-a-reforma-cresce-na-camara,70002782213).
Sinal positivo e bastante relevante para os mercados locais.
Pesquisa Datafolha mostra piora na
percepção do Governo Bolsonaro (aqui: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/04/conheca-dez-curiosidades-do-datafolha-sobre-a-avaliacao-de-bolsonaro.shtml).
Nunca é positivo a perda de
apoio da sociedade, mas não vejo esta pesquisa alterando o cenário político do
país no curto-prazo. Vejo como normal este tipo de avaliação após um começo de
governo de grandes expectativas e cujo início foi bastante conturbado. Mantenho
a minha visão de que o governo está em uma curva de aprendizado, por ser um
grupo político que chega pela primeira vez ao poder, e que demandará algum
tempo para que a situação se ajuste. Estamos apenas no inicio deste processo e
os sinais recentes são mais positivos.
Nesta linha, já há sinais de flexibilização
do governo no tocante a negociação de emendas e cargos com intuito de atrair
aliados.
Acredito que o quadro técnico
do mercado tenha melhorado bastante após a volatilidade recente, o que torna a recuperação
do preço dos ativos locais um certo “pain trade”. Entendo que não exista um “trigger”
e curto-prazo para que os ativos locais rompam as bandas recentes (Ibovespa
entre 90 e 100 mil pontos, dólar entre 3,65 e 3,95, por exemplo) mas do ponto
de vista de alocação, ainda me parece prudente manter alocações otimistas,
porém com portfólios balanceados, no Brasil.
Internacional:
Os dados de emprego nos EUA na sexta-feira
devem dar o tom do curto-prazo (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/04/emprego-nos-eua-its-fine-thanks.html)
e, por ora, na ausência de novidades, parece ser um tom mais construtivo de
curtíssimo-prazo.
Sigo com uma visão estrutural mais
cautelosa, já que acredito que estamos em um estágio mais avançado do ciclo
econômico. Os bancos centrais mudaram sua postura recentemente, o que vem
ajudando os preços dos ativos, criando um “interregno benigno” em um ambiente
de “Goldilocks”.
Acredito que este pano de fundo
pode durar alguns meses, porém não muitos meses. Ainda me parece que estamos
neste “interregno”, mas me preocupo bastante com o crescimento global. Entendo que
possa haver alguma estabilização de curto-prazo, já demonstrada por dados na
Europa (PMI) e na China (PMI) mas me parece cedo para acreditar que não passará
de uma estabilização pontual de alguns poucos meses.
Além disso, o risco/retorno de
muitas classes de ativos já se mostra pouco atraente após a recuperação deste
início de ano. Vejo o mercado ainda buscando “carry” e “yields” com a volatilidade
em queda, mas creio que o momento seja oportuno para a busca de posições mais
defensivas no portfólio internacional, mesmo entendo que o mercado possa
continuar em uma toada positiva no curto-prazo.
Agenda:
A agenda internacional será
agitada, com o inicio da temporada de resultados, as Minutas do FOMC e decisão
do ECB. A situação do Brexit também precisará ser endereçada.
Quanto aos resultados
corporativos, o mercado já parece ter se ajustado após o sell-off do final do
ano passado. Não sou otimistas com o mercado de “equities” nos EUA nos atuais
níveis. Artigo interessante do WSJ sobre este tema: https://www.wsj.com/articles/corporate-profit-squeeze-looms-threatening-stocks-climb-11554634801?mod=hp_lead_pos1.
O ECB na Europa deve trazer poucas
novidades, assim como as Minutas do FOMC. Contudo, o crescimento global segue
como foco importante para os mercados. Artigo do FT sobre o tema: https://www.ft.com/content/d9bba980-5794-11e9-a3db-1fe89bedc16e.
Em relação ao Brexit, o cenário mais
provável neste momento é de uma nova extensão. Há riscos crescentes da ausência
de um acordo.
Seguimos acompanhando questões
locais que não estão endereçadas, como na Turquia e na Argentina.
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