Nova desaceleração da Europa. Argentina toma um caminho sem volta. Feriado freia a Reforma no Brasil.
Os
ativos de risco estão abrindo a quinta-feira em tom negativo. Comentei na noite
de ontem (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/04/sai-petro-entra-previdencia.html)
sobre as restrições impostas pela temporada de resultados corporativos nos EUA,
além do nível de preços e valuations
de algumas classes de ativos.
Hoje pela manhã, os Flash PMI na Europa voltaram a mostrar uma tendência de desaceleração e
contração dos PMIs Manufacturing, especialmente nas economias mais maduras como
Alemanha e França, mesmo que com alguns sinais de acomodação do setor de
Serviços. No geral, são números que ainda mostram uma desaceleração da região
e não estão em linha com uma visão de estabilização mais estrutural do
crescimento europeu:
Germany Manufacturing PMI 44.5 Vs 45.0
expected
France Manufacturing PMI 49.6 Vs 50.0
expected
Bund Yields -3.3 bps t0 +4.7 bps
French Oat's -3.9 bps to +.385
Na noite de ontem, a Coreia do Norte divulgou o teste de
novo armamento guiado e de alto alcance, em uma tentativa de pressionar os EUA
para negociações em torno de seu projeto nuclear. Acredito que seja mais um
ruído de curto-prazo, mas pode vir a pegar o mercado em um começo de
fragilidade devido a temporada de resultados e diante dos números citados acima.
Ontem não comentei sobre os
últimos eventos na Argentina.
Tentarei falar de maneira resumida. Diante de um cenário de inflação elevada,
pressão no crescimento, depreciação cambial entre outros enormes problemas
econômicos, as vésperas de uma importante eleição, o governo remeteu ao passado
e anunciou uma série de medidas – todas elas já foram utilizadas no passado em
outros países e se mostraram erradas e incapazes de alterar o cenário econômico
– como congelamento de preços, por exemplo. O país, assim, entra em uma
dinâmica ainda mais preocupante e assustadora, um caminho sem volta, que terá
que ser corrigido, por bem ou por mal, pelo próximo governo.
No Brasil, comentei no link acima que a CCJ irá se reunir novamente na
semana que vem. Não vejo mudanças no cenário econômico – exceto pela
continuidade das surpresas negativas de crescimento. Assim, espero que o
cenário externo e notícias envolvendo a Previdência continuem ditando o tom dos
ativos locais. Não vejo uma tendência clara de curto-prazo até que o tema “Previdência”
seja endereçado ou avance de maneira mais concreta.
Encerro reforçando minha visão
descrita aqui na noite de ontem:
Estamos ainda em um “interregno benigno”
no cenário macro global, em que o crescimento mostra sinais de
estabilização/recuperação, com inflação contida e bancos centrais
acomodatícios. Contudo, parte deste cenário já vinha sendo precificado desde a
virada do ano. Isso pode se colocar como uma restrição a apreciações adicionais
dos ativos de risco.
Por ora, não vejo mudança de tendência
(positiva/construtiva) na ausência de novidades no cenário (resultados
corporativos muito mais negativos, nova rodada de desaceleração do crescimento,
ausência de acordo entre EUA e China, ou outro risco não mapeado). Todavia, o
risco/retorno dos ativos de risco me parece pouco atrativs no mundo. Assim,
continuo recomendando portfólios balanceados, mais conservadores e/ou com
hedges relevantes na carteira.
No Brasil, ainda acredito que estamos no
meio de uma mudança estrutural importante, mas que o processo não será linear.
Muito pelo contrário, será longo e tortuoso. Poderemos conviver com juros mais
baixos por mais tempo e os investidores precisarão se acostumar a isso. Isso é
um processo longo, porém já perceptível. A busca por ativos de maior “risco” e
uma carteira cada vez mais distante do “bom e velho” CDI ainda tem uma longa
jornada pela frente.
Comentários
Postar um comentário