Novos sinais preocupantes na Europa.
Os
ativos de risco estão abrindo a semana em tom mais negativo, liderados por
quedas nas bolsas da Europa. Ontem fiz uma explanação mais profunda sobre o
cenário, que pode ser vista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/04/brasil-entrando-nos-eixos-e-agenda.html.
Hoje, destaque para a forte queda
as importações e exportações da Alemanha
em fevereiro. Os números confirmam um cenário de extrema fragilidade da
economia do país e de toda a Europa. Por ser uma economia bastante aberta, com
corrente de comercio elevada, os dados divulgados hoje apontam para uma fraqueza
da economia global.
Vale citar, contudo, que esses são
números de fevereiro. Em março, vimos sinais incipientes de estabilização da
economia global, com melhora do PMI na China e alguma estabilização do setor de
serviços na Europa.
De maneira geral, continuo
bastante preocupado com o cenário para a Europa, mesmo entendendo que podemos
presenciar alguma estabilização de curto-prazo devido a deterioração rápida e
acentuada desde meados de 2018. A região continua com juros negativos e o balanço
do BCE elevado. Podemos passar por um período em que o mercado comece a questionar
o poder de fogo do banco central para estabilizar a economia.
Resumidamente, ainda parece
estarmos em uma janela mais construtiva de curto-prazo, que tenho cunhado de “interregno
benigno”. Este ambiente foi ajudado pela mudança de postura dos bancos centrais
– especialmente do Fed – e pela recuperação dos ativos de risco, o que levou a
um alívio das condições financeiras. No médio e longo-prazo, ainda sou mais
cauteloso e negativo com as perspectivas econômicas globais, por acreditar que
estamos no estágio mais avançado do ciclo econômico.
Sinalizei ontem que o nível de
preços e valuations começa a se
mostrar menos atrativo no curto-prazo, o que pode ser uma restrição a
continuidade de um cenário de apreciação dos ativos de risco como um todo. Isso
pode gerar momentos de acomodação dos mercados, mas ainda me parece que precisaremos
de algum trigger específico para uma mudança clara desta tendência mais
positiva de curto-prazo. Uma nova rodada de dados negativos de crescimento pode
ser este trigger.
Continuo gostando de alocações
em ativos no Brasil, onde vejo um cenário econômico mais positivo ciclicamente
e a manutenção das expectativas de aprovação da agenda de reformas econômicas. No
cenário internacional, favoreço alocações em ativos de renda fixa em detrimento
a bolsa, neste momento. Gosto de alocações em alguns ativos que podem funcionar
como proteções e descorrelações na carteira, como JPY, CHF, Ouro, e posições tomadas
em spreads de Itália e Espanha contra o Bund da Alemanha. Posições compradas em
volatilidade de Euro me agradam. Gosto de proteções via venda de S&P,
especialmente via puts com as vols implícitas nos pisos recentes.
No Brasil, o Valor de hoje traz matéria dizendo que a Reforma
Tributária pode tramitar em conjunto com a Previdência (aqui: https://www.valor.com.br/politica/6201457/reforma-tributaria-pode-tornar-se-agenda-positiva).
Entendo que alguns irão criticar está postura, pois pode faltar foco do governo
na aprovação da Previdência. Entendo que este seja um risco. Todavia, me parece
positivo que o Governo trabalhe em uma agenda ampla de reformas econômicas
liberais em busca de destravar a economia, o crescimento, os investimentos e o
emprego. Mostra que a agenda não é apenas a Previdência, mas vai muito além
disso.
As concessões já estão em andamento,
a Petrobrás está em seu processo de desinvestimento e desalavancagem (vende a
TAG por US$9bi) e prestes a assinar a Cessão Onerosa. A agenda segue dentro de
seu cronograma, na minha visão, um cronograma positivo.
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