Risk On!
O dia foi de forte
desempenho dos ativos de risco.
No cenário externo, o discurso de Yellen,
já comentado mais cedo (copio o texto abaixo), dirimiu os riscos de uma
retirada mais rápida e coordenada de liquidez global no curto-prazo. Continuo
vendo espaço para um ajuste da curva longa de juros nos EUA, mas entendo que o
mercado irá demandar números que confirmem o cenário atual mas, em especial,
apontem para uma inflação mais elevada. Nesta linha, o Core CPI de sexta-feira
ganha importância redobrada.
A despeito dos movimentos recentes, ainda acredito que o tema de
normalização monetária no mundo desenvolvido será o grande destaque dos
próximos meses. Este cenário não implica necessariamente em uma guinada nos
ativos de risco, mas em alguns ajustes de preços ao longo do tempo. Exceto por
uma mudança no cenário econômico, nos dados de curto-prazo, ainda dou um peso
relevante a recente mudança de discurso dos BCs ao redor do mundo. Assim, mantenho
recomendação de tomar taxas de juros nos EUA, nos vértices mais longos,
administrando o tamanho e os instrumentos para tal. Utilizamos o movimento
recente para reforçar essa recomendação. Reavaliaremos a posição após os dados
de inflação.
No Brasil, o cenário de hoje parece o inverso daquele observado no final
da semana passada. O Governo conseguiu uma importante vitória na Reforma
Trabalhista. A situação de Temer parece um pouco mais tranquila (mesmo que não
totalmente resolvida) após intensas articulações políticas e, na tarde hoje, o
juiz Sergio Moro proferiu sentença condenando o ex-presidente Lula no que ficou
conhecido como o “Caso do Triplex”.
A condenação em
primeira instância é apenas um passo no processo jurídico. Para que Lula se
torne inelegível nas próximas eleições presidenciais, a segunda instância
precisará condena-lo até a data limite de indicação dos candidatos. Esta data
será no meio de agosto.
Os ativos locais
reagiram de forma bastante positiva à decisão. O mercado vê uma condenação de
Lula como reduzindo suas chances de se eleger presidente novamente. Dado o
perfil de esquerda das políticas econômicas propostas pelo PT, a redução da
probabilidade de reeleição é vista como reduzindo as chances de medidas
heterodoxas e populistas, que são vistas como negativas pelos investidores.
Continuo vendo o tema de redução mais agressiva da Taxa Selic
como o cenário de maior convicção, com os preços ainda atrativos, no Brasil. Diante
das diversas incertezas do cenário local e externo, tenho pouca convicção nos
demais ativos locais. Mantenho recomendação à parte curta da curva de juros,
majoritariamente via estruturas de opção, buscado um ciclo de queda da Taxa
Selic superior ao que está precificado. Combinamos essa recomendação com
posições tomadas na inflação implícita na parte intermediária da curva. Nos
atuais níveis de preço, vejo pouca assimetria no BRL e nos vértices mais longos
da curva da curva de juros. Contudo, se o cenário externo se mantiver
tranquilo, não podemos descartar a continuidade da boa performance dos ativos
locais durante a sazonalidade do verão no hemisfério norte.
As vendas no varejo de
maio ficaram abaixo das expectativas do mercado, confirmando o cenário de que a
recuperação será extremamente lenta e gradual.
Segue comentário da nossa área econômica:
As vendas no varejo vieram piores que as expectativas de mercado
(restrito: -0,1%m/m dessaz vs. BBG: +0,3%m/m dessaz e 2,4%a/a vs. BBG: 3%a/a /
ampliado: -0,7%m/m dessaz vs. BBG: +0,2%m/m dessaz e +4,5%a/a vs. BBG:
+6,1%a/a). Depois das mudanças metodológicas no começo do ano houve uma mudança
de nível das séries do varejo (isto significou maiores variações ano/ano nos
meses recentes). O consumo apresentou um bom desempenho no mês na variação
ano/ano (0,9%). Mantemos nosso cenário de atividade inalterado após a divulgação
da PMC. Trabalhamos com uma queda de 0,3%t/t dessaz no segundo trimestre.
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