Relatório Semanal de Asset Allocation:

No Brasil, o IPCA de junho ficou levemente abaixo das expectativas, confirmando um quadro de forte desinflação. O número está rodando ligeiramente abaixo da mínima histórica recente. O índice de difusão dessazonalizado (e também o ex - alimentos) ficou em patamar relativamente baixo (próximo dos níveis de 2006 e 2007). A inflação de serviços subjacentes acelerou na margem, enquanto a média das medidas de núcleo desacelerou para patamar bastante baixo (3%). O cenário de inflação segue bastante confortável (na inflação de bens, núcleos e difusão). Não alteramos a nossa visão para o ano, com o IPCA ficando um pouco acima de 3% (assumindo risco de impostos mais bandeira amarela).

Os números recentes de atividade econômica surpreenderam positivamente, mostrando um quadro levemente mais positivo do que o esperado. De maneira geral, contudo, não alteramos a visão de que a recuperação da economia será extremamente lenta e gradual.

O quadro político segue instável, mas na ausência de mudanças na equipe econômica, pouco deve alterar o cenário para a política monetária e/ou para a curva curta de juros.

Em termos gerais, temos alguns componentes mais negativos no curto-prazo, que ainda se confrontam com um quadro cíclico mais positivo da economia, com inflação baixa, corte de taxas de juros, recuperação (ou estabilização) do crescimento e contas externas tranquilas.

O quadro fiscal ainda é um problema grande e crescente. À medida que as perspectivas de reformas estruturais de esvaziam, crescem os riscos de longo-prazo para o país, tornando-o mais frágil a qualquer mudança de curto-prazo do cenário externo ou das demais variáveis.

Nos EUA, os dados de emprego divulgados na semana passada em nada alteram a recente comunicação do Fed e, consequentemente, em nada alteram as perspectivas para a política monetária do país.

O Fed mudou de postura. Nos atuais níveis de emprego, não importando volatilidades pontuais dos dados econômicos, eles pretendem manter a normalização monetária em “piloto automático”. Nesta linha, os dados de junho apenas reforçam a visão central do comitê, ainda que os dados de rendimento tenham ficado abaixo das expectativas. O Fed está olhando o cenário prospectivo como positivo, e vendo a atual conjuntura como favorável à continuidade do processo de alta, mesmo que gradual, da inflação. Suas ações serão guiadas por este cenário, e os números divulgados na semana passada reforçam este ambiente.

Após um primeiro semestre de algumas surpresas negativas de crescimento global, mesmo que mantendo-se em patamar saudável, a semana passada foi marcada por surpresas positivas da atividade econômica global.

Não vemos, portanto, grandes mudanças de cenário nos últimos dias. Mantemos nossas recomendações baseadas em dois temas fundamentais: primeiro, o processo de normalização monetária no mundo desenvolvido e segundo, o fechamento das taxas curtas de juros no Brasil, a despeito dos ruídos recentes. Achamos válida a utilização de alguns hedges como seguro contra esse cenário.

Alocação/Estratégia:

Mantemos recomendações neutras para as principais classes de ativos no Brasil.

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