Rate Normalization! / Brasil: Crise Deflacionária!?

Os ativos de risco estão dando sequencia aos movimentos que já começam a mostrar sinais mais claros de uma nova tendência para os ativos de risco. As taxas de juros no países desenvolvidos abrem taxas; as commodities metálicas apresentam novos sinais de fragilidade, assim como as bolsas globais; o dólar opera em alta, especialmente versus as moedas emergentes.
Na agenda do dia, destaque para as Minutas do FOMC nos EUA. Amanhã teremos o ADP Employment e o Jobless Claims. Finalmente, na sexta-feira, os dados oficiais do mercado de trabalho para junho, tais como o Payroll, Taxa de Desemprego e os números de rendimentos. Está agenda será determinante para a dinâmica dos ativos de risco no curto e médio prazo.
No Brasil, a situação do presidente Michel Temer parece a cada dia mais complicada. A mídia informa que a contabilidade do governo para barrar a denuncia no Congresso continua complicada, ou seja, desfavorável ao presidente.
Os jornais de hoje reportam que o Banco Central do Brasil (BCB) deverá cortar a Taxa Selic em 100bps na próxima reunião do Copom. Artigos no Valor Econômico, de Cristiano Romero, e do Correio Braziliense, de Vicente Nunes, tratam deste tema. Segundo fontes, a crise política atual seria deflacionária e a indicação adequada seria um corte de juros mais profundo do que o imaginado na última reunião do Copom.
Repito aqui o que tenho escrito desde a última reunião do FOMC.
Ainda parece cedo para prever uma reversão completa das tendências que prevaleceram no primeiro semestre. Contudo, com a posição técnica muita mais “leve”, “limpa” e pouco consensual na direção da normalização monetária e nos conhecidos “reflation trades” e “Trump trades”, e um sinal cada vez mais claro por parte dos Bancos Centrais no G10 na direção de políticas monetárias menos expansionistas, podemos estar diante do começo de novas tendências para os ativos de risco neste segundo semestre do ano.

É importante lembrar que há quase uma década os investidores não se veem diante de um movimento coordenado de aperto monetário, com consequente (talvez esperado) aperto das condições financeiras. Muitos dos atuais investidores, traders e portfolio managers nunca vivenciaram um período com esse pano de fundo. Além disso, precisamos ter em mente que não existe experiência histórica que indique o melhor caminho para a normalização de taxas de juros vinda de níveis tão baixos, e com os balanços dos Bancos Centrais tão anabolizados.

O movimento por parte dos BCs será extremamente gradual e bem comunicado. É bastante provável que movimentos de “stop-and-go” venham a ocorrer, ou seja, momentos de aperto monetário sendo seguidos de alívio, mesmo que na comunicação, em reação a movimentos mais acentuados de correção dos ativos de risco (vamos lembrar que o Fed foi obrigado a fazer uma enorme pausa entre a primeira alta de 25bps nas taxas de juros e a segunda elevação, após uma reação negativa dos ativos de risco e uma “mini crise” na China e nos mercados emergentes).

Os ativos de risco como um todo continuam em níveis historicamente elevados, com as volatilidades realizadas e implícitas em níveis nunca antes observados. O processo de normalização monetária não necessariamente irá causar reverberações negativas ao redor do mundo. Ainda podemos experimentar um momento prolongado de estabilidade econômica e financeira.

Todavia, a história mostra que momentos como o atual requerem cautela e posições mais neutras, frente a preços menos atrativos, além da busca por hedges, que ainda se mostram baratos nos atuais níveis.

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