Reflation, Trump Trades and Trump Fears Back in Vogue.
A sexta-feira marcou o final do
primeiro semestre do ano para os mercados financeiros globais. O período foi
marcado por algumas decepções por parte do mercado, como a ausência de uma
aceleração do crescimento global, que apenas se manteve saudável, porém
relativamente estável. A inflação no mundo desenvolvido não acelerou como
muitos esperavam. E, finalmente, a agenda econômica de Trump nos EUA não
decolou.
Com este pano de fundo, vimos uma
abrupta mudança de postura por parte dos investidores ao longo deste período,
que abandonaram temas consensuais, como o “dólar forte”, “a abertura de taxas
de juros no mundo desenvolvido”, e o que ficou com a alcunha dos “Trump Trades”,
em favor de temas como “alta das bolsas”, “carry
trades”, “compra de ativos emergentes” e etc.
Nas últimas semanas, começamos a
observar o retorno de alguns dos antigos temas que marcaram o final de 2016 e o
início de 2017. Não vimos uma mudança drástica nos dados econômicos, que
continuam apontando para um crescimento saudável, porém sem grandes
acelerações, uma inflação contida no mundo desenvolvido, e uma agenda
legislativa ainda com poucos avanços nos EUA.
Contudo, após a reunião dos bancos
centrais em Sintra, voltou a tona a discussão da normalização monetária por
parte dos bancos centrais no G10. No final da semana, Trump e Cia. deram sinais
de que pretendem apertar o diálogo junto à China, retomando a discussão de uma
postura mais dura nas relações comerciais entre os EUA e seus principais
parceiros. O FT debate um pouco deste tema no artigo a seguir: https://www.ft.com/content/4bd30636-5d72-11e7-9bc8-8055f264aa8b.
Além disso, a China dá sinais de que pretende manter uma política monetária e
fiscal mais apertada, o que deverá contratar um crescimento mais brando de
agora em diante.
Ainda parece cedo para prever uma
reversão completa de tendências nos mercados financeiros globais. Contudo, com
as posição técnica muita mais “leve”, “limpa” e pouco consensual na direção da
normalização monetária e nos conhecidos “reflation trades” e “Trump trades”, e
um sinal cada vez mais claro por parte dos bancos centrais no G10, podemos
estar diante do começo de novas tendências para os ativos de risco neste
segundo semestre do ano.
É importante lembrar que a quase uma
década os investidores não se veem diante de um movimento coordenado de aperto
monetário, com consequente (talvez esperado) aperto das condições financeiras. Muitos
dos atuais investidores, traders e portfolio managers nunca vivenciaram um
momento com este. Sem contar que não existe experiência histórica para a
reversão de taxas de juros vinda de níveis tão baixos, e com os balanços dos
bancos centrais tão anabolizados. O movimento por parte dos BCs será
extremamente gradual e bem comunicado. É bastante provável que movimentos de “stop-and-go” venham a ocorrer, ou seja,
momentos de aperto monetário sendo seguidos de alívio, mesmo que na
comunicação, em reação a movimentos mais acentuados de correção dos ativos de
risco (vamos lembrar que o Fed foi obrigado a fazer uma enorme pausa entre a
primeira alta de 25bps nas taxas de juros e a segunda elevação, após uma reação
negativa dos ativos de risco e uma “mini crise” na China e nos mercados
emergentes).
Os ativos de risco como um todo
continuam em níveis historicamente elevados, com as volatilidades realizadas e
implícitas em níveis nunca antes observados. O processo de normalização
monetária não necessariamente irá causar reverberações negativas ao redor do
mundo. Ainda podemos experimentar um momento prolongado de estabilidade
econômica e financeira.
Todavia, a história mostra que
momentos como os atuais requerem cautela, posições mais neutras frente a preços
menos atrativos, e a busca por hedges
que ainda se mostram baratos.
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