Reflation and Technicals:
Os ativos de risco voltaram
a operar com uma dinâmica de “Reflation”, ajudado por um quadro técnico
favorável. Alguns eventos de hoje estão ajudando a rodada de reprecificação dos
ativos de risco, que podem continuar nesta direção nos próximos dias:
- O IFO na Alemanha atingiu um novo pico deste
ciclo econômico, mostrando uma atividade sólida e perspectivas positivas de
crescimento;
- O Consumer Confidence nos EUA apresentou uma
inesperada elevação em julho, ficando próximo ao pico deste ciclo econômico. A
abertura qualitativa do indicador mostrou um quadro de aperto adicional do
mercado de trabalho, que se mostra já no pleno emprego;
- Trump está prestes a atingir sua primeira
vitória no Congresso, conseguindo um avanço, mesmo que ainda incerto, para a
resolução do impasse do Health Care Bill.
Aliado a tudo isso,
temos um quadro técnico relativamente saudável para as posições em prol do
“Reflation” e as vésperas da reunião do FOMC. Apenas a título de exemplo, a
posição técnica do dólar é a mais “vendida” deste ciclo econômico, ou desde
2013, as vésperas do “Taper Tantrum”. A posição “comprada” em títulos de
Treasury 10 anos no mercado futuro também é a maior deste ciclo.
De maneira geral, não
estou alterando minha visão central, e nem mesmo as principais recomendações de
alocação. Continuo focado em temas específicos, vendo pouco prêmio em “plays” de risco. Entendo que “the pain trade is up”, e que podemos
seguir na toada de apreciação dos ativos de risco como um todo, enquanto não
houver um “trigger” que altere está dinâmica. Contudo, não acho que faça
sentido “continuar nesta dança” e prefiro focar em temas específicos.
Mantenho recomendação
tomada em taxas de juros longos em alguns países de G10. Gosto de exposição a
parte curta da curva de juros no Brasil e compra de inflação implícita na parte
intermediária da curva. A única alteração relevante de recomendação nos últimos
dias fica por conta de uma pequena compra de volatilidade, como um hedge que julgo ser assimétrico nos
atuais níveis.
Não tenho visão
estrutural para o dólar no mundo, mas entendo que a posição técnica, nos atuais
níveis de preço, pode trazer alguma realização de lucros (alta do dólar) em
algum momento dos próximos dias. A posição técnica da Treasury 10 anos, aliada
aos níveis que estão sendo testados, podem levar a mais uma rodada de alta de
taxas no curto-prazo. A reunião do FOMC amanhã será determinante para isso.
No Brasil, os ativos
locais seguiram basicamente o humor global a risco, como já vem sendo regra nas
últimas semanas. A situação fiscal do país voltou ao foco recentemente, com a
alta de impostos e o burburinho em torno da necessidade de medidas adicionais
para o cumprimento da meta fiscal deste ano.
A situação fiscal do país
é preocupante não é de hoje, e as soluções são duras. Reformas estruturantes,
alta de impostos, ou algum tipo de default
(oficial ou “oficioso”). Isso era verdade há um mês, era verdade há uma semana
e continua a ser verdade hoje. O mercado apenas “escolhe” o que olhar, e ao que
dar peso maior, em cada momento do tempo.
De forma geral,
mantenho minha visão de não ver grandes assimetrias no BRL, na curva longa de
juros e no Ibovespa (como índice, como um todo). Entendo que existam bons
“cases” micro, a bons preços, mas o meu foco aqui é macro alocação. Por ora,
não vejo cenário de rompimento dos ativos locais nem para o lado negativo, e
nem para o lado positivo. Até por isso, a estratégia tem sido focar em temas
específicos, e assimetrias que julgo serem mais claras.
De forma geral,
contudo, vejo pouco prêmio para eventuais “eventos de cauda” nos ativos locais,
por mais as probabilidades de ocorrências sejam baixa. Assim, optei por
exposição na parte intermediária de inflação implícita, onde consigo ver vários
cenários (positivos ou negativos) em que possam ocorrer reprecificações
relevantes nesta classe de ativos.
Comentários
Postar um comentário