Relatório Semanal de Asset Allocation:

A última semana foi de poucas mudanças relevantes nos cenário local e externo.

No Brasil, as vendas no varejo de maio ficaram abaixo das expectativas do mercado. O IBC-Br – uma espécie de PIB mensal coletado pelo Banco Central do Brasil (BCB) – apresentou queda de 0,51% m/m, abaixo das expectativas de alta de 0,20% m/m.

Continuamos esperando um cenário de recuperação extremamente lenta e gradual do crescimento do país.

No cenário político, o Governo Temer conseguiu algumas vitórias importantes. Dentre eles, podemos citar a aprovação da Reforma Trabalhista, por ampla maioria, no Senado. Além disso, a Comissão da Câmara rejeitou o parecer da denúncia que acusa o Presidente de atos de corrupção.

De maneira geral, seguimos em um cenário cíclico favorável, com inflação extremamente baixa, expectativas de inflação contidas e perspectivas de cortes de juros. O crescimento mostra sinais de estabilização, mesmo que sem sinais claros de recuperação sustentável. As contas externas estão tranquilas, mas o fiscal ainda preocupa. O quadro político deverá oscilar entre momentos de euforia e momentos de maior preocupação.

No cenário externo, os números continuam mostrando uma economia global saudável, com crescimento dando sinais de robustez nesse início de segundo semestre. A inflação no mundo desenvolvido, principalmente nos EUA, continua surpreendendo para baixo, fazendo com que a janela positiva para os mercados financeiros globais permaneça, pelo menos no curto-prazo.

Na China, a National Financial Work Conference realizada ao longo deste final de semana manteve um tom mais hawkish, que já vem sendo regra nos últimos meses. Os números de junho mostraram uma economia ainda robusta, com crescimento acima das expectativas do mercado. O PIB do segundo trimestre, por exemplo, apresentou alta de 6,9% a/a, acima das expectativas de 6,8% a/a. Os dados de produção industrial, vendas no varejo e fixed asset investment, apresentaram expansão superior às expectativas.

Por um lado, os números de junho reforçam um cenário de crescimento sólido e saudável, não apenas da economia chinesa, mas de toda a economia global. Contudo, por outro lado, os números de hoje abrem espaço para que os policy makers chineses mantenham uma política monetária e fiscal mais apertada, visando administrar o eventual surgimento de excessos e bolhas na economia e/ou em setores específicos.

Alocação/Estratégia:
Mantemos recomendações neutras para as principais classes de ativos no Brasil.

O pano de fundo global aliado aos avanços positivos conquistados na agenda econômica e política nos últimos dias estão ajudando o bom desempenho dos ativos locais. Temos afirmado que não vemos grandes assimetrias nos mercados de câmbio, Renda Variável e Juros Longos nos atuais níveis, mas entendemos que a combinação de um crescimento global saudável, com inflação contida no G10 e a aparente ausência de riscos de curto-prazo podem continuar dando suporte aos ativos brasileiros. Nossa visão de curto-prazo se mostrou errada, pois o alinhamento dos vetores locais e externos está ajudando a dar ímpeto aos movimentos positivos de todos os ativos locais.

Continuamos optando por manter recomendações e alocações mais neutras e menos direcionais, focadas em temas específicos. No Brasil, ainda gostamos de exposição à parte curta da curva de juros e da compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Não temos um cenário direcional claro para o Real (BRL). Ainda acreditamos que ele se manterá em um grande “range” no curto-prazo, talvez entre 3,1-3,3. Estamos sem visão direcional para o Ibovespa. No cenário externo, temos pouca visibilidade no mercado global de câmbio, mas ainda gostamos de posições tomadas em taxas de juros em alguns países do G10, administrando tamanho e instrumentos.

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