Still, "no news is good news!".

A quarta-feira foi mais um dia em que valeu a máxima de que “no news is good news”. Não há alteração no cenário que tenho descrito neste fórum nos últimos dias. Na ausência de novidades relevantes no cenário, a sazonalidade do verão no hemisfério norte, aliado a um ambiente ainda construtivo (crescimento global saudável, inflação baixa e liquidez abundante), deverá continuar favorecendo os ativos de risco.

Vale ressaltar, contudo, que os próximos 7 dias serão fundamentais. Teremos as decisões do BoJ, ECB e Fed, além da decisão do Copom no Brasil. Após os recentes dados de inflação mais baixos no mundo desenvolvido, o mercado deixou de lado a teoria do “Consenso de Sintra”, em prol de um cenário em que não há pressa para dar continuidade ao processo de normalização monetária nos países de G10.

Concordo que dificilmente existe espaço para um discurso por parte dos bancos centrais que cause ruptura nos mercados, na ausência de dados de inflação mais robustos. Contudo, acho difícil que os principais BCs do mundo abandonem totalmente a disposição em dar continuidade ao processo de normalização monetária, mesmo que de forma gradual, em um ambiente em que as condições financeiras apresentaram afrouxamento adicional nas últimas duas semanas, em especial nos EUA.

Diante do exposto, continuo focado em temas específicos e evitando exposição direcional. O movimento do mercado não me surpreende. Me deixa incomodado, obviamente, mas não me anima em adicionar recomendações direcionais relevantes. Posição técnica e nível de preços me incomodam nos atuais níveis.

No Brasil, a mídia está dando como certa o aumento de impostos de combustíveis. Acredito que a estratégia do governo seja correta, diante das dificuldades de caixa da União e de um cenário inflacionário benigno. Confesso, inclusive, que se estivesse na posição deles elevaria o imposto de forma superior ao que está sendo ventilado. O mercado já assimilou bem a alta de impostos, e o governo ganharia “gordura” de arrecadação em um momento delicado para as contas públicas.

Este é um dos motivos que vejo grande assimetria nas inflações implícitas da parte intermediária da curva. A parte curta já precifica uma inflação baixa nos próximos 18 meses, mas vejo vários cenários possíveis em que a inflação seja mais alta após este período, ou que pelo menos o mercado precifique uma inflação mais elevada à frente. Necessidade de aumento de imposto, recuperação da economia com fechamento do hiato, possíveis problemas fiscais, e etc. O ganho pode ser auferido tanto em cenários de “catástrofe”, quanto em cenários positivos, mas com necessidades de ajustes.

Estamos em uma janela bastante ativa de IPOs e emissões de papéis de dívida corporativa. Até o momento, as emissões estão sendo bem recebidas pelo mercado.


Nos EUA, a temporada de resultados corporativos continua, com bastante divergência entre empresas e setores. A agenda legislativa segue travada, mas a Casa Branca ainda busca superar o Health Care Bill para poder dar foco a agenda econômica. No cenário atual, o mercado precifica pouquíssimos avanços em ambas as frentes.

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