Update.

Estive ausente da mesa durante o dia, visitando alguns clientes, mas acho válido comentar alguns desenvolvimentos do dia.
Brasil – O dia foi marcado por uma relevante alta do Ibovespa. O dólar apresentou leve apreciação e o mercado de juros pequeno fechamento de taxa. Acredito que o quadro técnico do mercado esteja ajudando a dinâmica de curto-prazo. Na bolsa, em especial, uma classe de ativo que poucos investidores detém, e muitos já apresentam posições “vendidas”/negativas, por exemplo, está surpreendendo positivamente nos últimos dias, na ausência de notícias adicionais que possam gerar ruptura do cenário local e/ou externo.
O bom desempenho nominal e relativo dos ativos locais, se comparados a seus pares, nos últimos dias, está, sem dúvida, me surpreendendo. Vejo sinais mais preocupantes de curto-prazo que justificam posições mais cautelosas. Mantenho recomendação para posições na parte curta da curva de juros, neste momento concentrada em estruturas de opção, e compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Acredito que o dólar (BRL) deverá se manter em um range em torno de 3,20-3,30 no curto-prazo, mas meu viés é um pouco mais negativo no médio-prazo, por questões locais e externas.
Não houve mudança no quadro econômico. No quadro político, estamos a espera da votação da Reforma Trabalhista no Senado e do andamento do inquérito relacionado ao presidente Temer na CCJ. Acredito que o mercado espera a aprovação da Reforma Trabalhista. A derrota do Governo seria uma surpresa negativa. Quanto ao Presidente, a situação é delicada e indefinida. Acho que seja indiferente para o mercado se o Presidente será Temer ou Rodrigo Maia, enquanto a equipe econômica continuar como está. Se houver qualquer risco de mudança da equipe econômica, e da direção da política econômica, podemos entrar em uma dinâmica explosiva (negativamente falando).
EUA – O dia foi marcado pela divulgação dos e-mails do filho do Presidente Trump. Neles, Trump Jr. troca mensagens em busca de um “dossiê” que poderia deixar a imagem de Hillary Clinton abalada. O intermediário deste “dossiê” seria uma advogada russa, que trabalharia em nome do governo russo.
Sem entrar em muitos detalhes, o evento de hoje é mais uma “lambança” da atual administração. De maneira geral, este tipo de evento reduz a probabilidade de andamento das reformas econômicas, fiscais e estruturais prometidas por Trump e Cia.
Acredito, contudo, que após os eventos do início do ano, o mercado coloque muito pouco das reformas nos atuais preços dos ativos dos EUA. Assim, o cenário econômico, ou seja, os dados, devem continuar mais importantes do que um ambiente político de maior incerteza.
Fed – Membros do Fed voltaram a sinalizar para a redução do balanço da instituição, que poderá ocorrer “em breve”. Em relação a alta de juros, contudo, há sinalização é de que muitos gostariam de ver sinais mais claros de aceleração dos índices de preço antes de dar continuidade ao processo de alta de juros. De qualquer maneira, a curva curta precifica um cenário extremamente gradual de alta nos Fed Funds, com cerca de 50% de probabilidade de mais uma alta de 25bps este ano e cerca de 2 altas de 25bps até o final de 2018.
Petróleo – O dia foi de forte alta da commodity, após dados positivos de estoques (queda de estoques). De maneira geral, o Petróleo segue em um range de $40-$50, com volatilidade elevada dentro desta banda. Nestes níveis, a despeito da vol de curto-prazo, o petróleo deverá ter pouco impacto sobre o quadro econômico e a política monetária das principais economias do mundo.
China – O país está no meio de um processo para desalavancar a economia e alguns setores. Me espanta a matéria abaixo do WSJ, que narra como um dos maiores conglomerados do país vendeu parte de seus ativos – suspeita-se que por pressão do governo – mais irá financiar grande parte da venda para o comprador!


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