EUA: Inflação baixa, crescimento OK, Fed sem pressa = Risk On!
O “Consenso de Sintra” parece ter ficado para trás. Da mesma maneira
rápida e inesperada com que atingiu os mercados financeiros globais, ele perdeu
validade, pelo menos no curto-prazo.
A bateria de números econômicos
divulgados hoje nos EUA mostrou um
quadro de crescimento abaixo do esperado, com uma inflação que ainda surpreende
para baixo, sem sinais consistentes de aceleração. As vendas no varejo
apresentaram quedas, abaixo das expectativas de elevação. A produção industrial
surpreendeu levemente para cima, enquanto o Michican Confidence caiu
marginalmente, mas com as expectativas de inflação apresentando elevação.
A sazonalidade do verão
no hemisfério norte, aliada a aparente ausência de riscos no curto-prazo está
favorecendo um cenário de “risk-on” clássico. Este pano de
fundo deverá se manter, até que alguma novidade relevante apareça no cenário.
Eu não acredito que os bancos centrais nas principais economias
do mundo tenham abandonado a disposição em dar continuidade ao processo de
normalização monetária, mas os dados recentes, em especial nos EUA, reduzem os
“riscos de cauda” de um processo de ruptura ao longo do caminho.
No Brasil, o IBC-Br apresentou queda de 0,5% MoM, abaixo das
expectativas de alta de 0,2% MoM. O número apenas confirma um cenário de
crescimento fragilizado. Ainda trabalhamos com um processo de estabilização do
crescimento, com uma recuperação extremamente lenta e gradual da economia.
Seguimos em um cenário cíclico favorável, com inflação
extremamente baixa, expectativas de inflação contidas e perspectivas de cortes
de juros. O crescimento mostra sinais de estabilização, mesmo que sem sinais
claros de recuperação sustentável. As contas externas estão tranquilas, mas o
fiscal ainda preocupa. O quadro político deverá oscilar entre momentos de
euforia e momentos de maior preocupação.
O pano de fundo global,
aliado aos avanços positivos conquistados na agenda econômica e política, estão
ajudando o bom desempenho dos ativos locais. Tenho afirmado que não vejo
grandes assimetrias nos mercados de BRL, Renda Variável e Juros Longos. Minha
visão de curto-prazo se mostrou errada, pois o alinhamento dos vetores locais e
externos está ajudando a dar ímpeto aos movimentos positivos de todos os ativos
locais.
Continuo optando por manter recomendações e alocações mais
neutras e menos direcionais, focada em temas específicos. No Brasil, ainda
gosto de exposição a parte curta da curva de juros e da compra de inflação
implícita na parte intermediária da curva. Não tenho um cenário claro para o
BRL. Ainda acredito que ele se manterá em um grande “range” no curto-prazo, talvez entre 3,1-3,3. Estou sem visão
direcional no Ibovespa. No cenário externo, tenho pouca visibilidade no mercado
global de FX, mas ainda gosto de posições tomadas em taxas de juros em alguns
países de G10, administrando tamanho e instrumentos.
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