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Em primeiro lugar, gostaria de reafirmar meus comentários realizados neste fórum na quarta-feira pela manhã: Espero mercados incertos, voláteis e sem tendências definidas, o que requer postura mais dinâmica/tática e posições mais defensivas e menores, pelos menos até termos uma melhor sensação de como será o governo Trump. Temas mais específicos, como plays relativos no mercado de moedas, posições de política monetária no mercado de juros e afins deverão ser privilegiadas neste momento.

O mercado está embarcando no cenário de que a eleição de Trump irá reforçar um ambiente de “reflation” no mundo. Como comentei aqui na noite de ontem, este tema já vinha se desenvolvendo nos últimos meses, e apenas se acentuou após a vitória de Trump.

De maneira geral, este cenário seria positivo para o dólar no mundo, sustentado por uma abertura de taxas de juros nos EUA. A velocidade deste movimento que irá determinar a dinâmica de cada par específico de moedas. Aberturas de taxas mais rápidas e acentuadas devem levar a movimentos de aversão a risco, especialmente em relação a EM, como estamos observando hoje. Aberturas de taxas mais moderadas podem trazer algum tipo de diferenciação entre países e classes de ativos. No primeiro momento, a aversão a risco, até mesmo pela surpresa do evento em si, acaba predominando, especialmente para os países emergentes.

No Brasil, os ativos locais tiveram um dia forte deterioração, seguindo o humor global a risco, mas com desempenho relativo pior do que os seus pares. A posição técnica do mercado, especialmente dos fundos locais, parece ter ajudado a acelerar o movimento de alta do dólar, abertura de taxa de juros e queda da bolsa.

Além disso, a postura do BCB no mercado de câmbio, mesmo tendo cancelado o swap cambial, vem sendo criticada pelo mercado. A grande questão é: Se o BCB atua para suavizar a volatilidade do câmbio porque não sinalizar alguma postura em relação a rolagem dos swaps vincendo? Ou então, porque não atuar na ponta contrária, agora que o estoque de swap se encontra mais baixo, em torno de US$25bi? Esses são questionamentos do mercado, que acho válidos diante da dinâmica verificada hoje.

No mercado de juros, já há algum tempo temos priorizado a parte curta da curva de juros, não além do Jan19. Observamos sinais bastante positivos nos últimos dias para que o BCB pudesse acelerar o ritmo de queda da taxa Selic como: uma inflação de serviços mais moderada, expectativas de inflação mais baixas no Focus, crescimento decepcionando para baixo, e mais uma queda no preço da gasolina e do diesel. Contudo, a eleição de Trump trouxe uma surpresa ao cenário, e ainda tenho dúvidas de como este novo BCB irá reagir a isso, especialmente pela postura cautelosa na condução de política monetária que eles têm adotado.

Assim, estamos sem posição no mercado de BRL. Vamos optar por postura tática devido a dinâmica ainda ruim e ao externo mais favorável ao dólar. Estamos com posição compradas em USD no mundo, que foram elevadas após a vitória de Trump. Não temos posição na Treasury, mas o viés continua tomador de taxa. Mantemos posições aplicadas na parte curta de juros locais. A assimetria ainda nos parece bastante positiva.


Olhamos a dinâmica dos mercados locais (e EM em geral) hoje com preocupação, mas acreditamos que parte relevante do movimento se deve a posição técnica (stops pontuais) e a incerteza gerada pelo evento Trump. Para uma melhora na dinâmica, vamos precisar de tempo para o mercado digerir melhorar qual ser, de fato, a postura do novo presidente americano e suas consequências. Ainda acredito que, mesmo em um ambiente um pouco mais hostil para EM, há espaço para cortes de juros no Brasil. Assim, estou optando por concentrar exposição nesta classe de ativos, na parte curta da curva.

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