Brasil: Risk-On! Técnico mais leve.

A dinâmica dos ativos de risco está confirmando a minha tese de que o quadro técnico parece estar mais ajustado para o “novo cenário” trazido por Donald Trump, após cerca de duas semanas de ajuste de posições. Além disso, a estabilização das taxas das Treasuries parece estar ajudando a dar um alívio, mesmo que temporário, ao humor global a risco.

Mantenho minha visão de que há espaço para diferenciação entre classes de ativos, países e regiões no desempenho dos mercados. Contudo, mesmo com uma posição técnica aparentemente “esticada”, o mercado de juros nos EUA não consegue apresentar movimentos relevantes de fechamento de taxas. Rodadas adicionais, rápidas e acentuadas, de abertura de taxas de juros nos EUA ainda são um risco para os ativos de risco.

Ainda vejo uma tendência estrutural de fortalecimento do dólar no mundo, sustentando por uma abertura gradual de taxas de juros nos EUA. Vale ressaltar que nos últimos dias, vimos o BoJ atuar na direção de brecar a abertura de taxa dos JGBs, enquanto o ECB manteve um discurso em tom de manutenção de uma política monetária expansionista, o que ajuda a dar ímpeto ao movimento de sustentação do dólar, especialmente contra moedas de G10.

No Brasil, a atuação do BCB e do Tesouro foram sem dúvida determinantes para a estabilização dos ativos locais, mas a melhora da posição técnica também ajudou a estabilizar os preços locais, após um período de elevada volatilidade e movimentos claros de “stops”.

Mantenho visão otimista com a parte curta e intermediária da curva local de juros. Vejo um cenário claro para o BCB acelerar o ciclo de corte de juros, senão na reunião do Copom de novembro, na primeira reunião de 2017. A curva hoje precifica cortes de 30+35+40+45bps nas próximas 4 reuniões do Copom, mas com algum prêmio de risco de altas de juros já em 2018, cenário que eu ainda vejo como sendo de “cauda” e não o “cenário base”.

O risco político no Brasil ainda existe, mas só se tornará relevante se começar a colocar em dúvida o ajuste fiscal proposto pelo Governo. Neste momento, os obstáculos existentes tem sido administrado de maneira fluida por Temer e sua equipe. O risco do avanço da Operação Lava-Jato existirá enquanto a Operação estiver ativa.

Em suma, continuo gostando estruturalmente de posições aplicadas em juros no Brasil (nominal e real). Gosto da assimetria das IDIs para um corte de juros de 50bps no próximo Copom. Acredito que posições em BRL devem ser relativas a outras moedas, e mais táticas do que estruturais. Não tenho visão direcional na bolsa local. Ainda gosto de posições compradas em dólar contra G10 e continuo esperando um momento mais oportuno para alocar risco na direção de taxas de juros mais elevadas nos EUA.


Após um período de elevada volatilidade, aproveitei o dia para reduzir um pouco os riscos da carteira em temas que foram bem sucedidos no curto-prazo (Juros Brasil e Long USD), mas estou mantendo uma posição estrutural relevante e uma visão de elevar alocação nestas mesmas direções em períodos de piora do mercado onde eu julgue serem apenas realizações de lucros.

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