Brexit Redux?
De
forma surpreendente, Donald Trump passou de um "louco furioso", para
o "salvador da pátria", em menos de 12 horas, que irá ter disposição,
apoio político e traquejo de negociação, para adotar um plano fiscal amplo e
agressivo, capaz de revigorar o crescimento dos EUA, além de aniquilar
incertezas em setores dos mais variados, como health care e o banking
regulation. Por ora, está foi a leitura dos mercados, talvez exacerbadas por um
quadro técnico complicado e uma liquidez prejudicada.
Ao
contrário do que eu imaginava, os ativos de risco digeriram de forma
relativamente tranquila a situação. O que me chamou mais a atenção foi o
movimento de fortalecimento do dólar no mundo, e um forte movimento de abertura
das taxas de juros mais longas nos EUA. Para ser honesto, estas tendências já
vinham se desenvolvendo há algum tempo, por questões fundamentais de fato, e
apenas foram ratificadas pelo o que promete ser um política econômica de corte
de impostos, protecionismo e estímulos a infraestrutura. Acredito que podemos
estar diante de uma nova rodada de dólar forte no mundo, desta vez corroborada
pela abertura de taxas de juros nos EUA. A velocidade destes movimentos que irá
determinar se estes serão negativos para os ativos de risco como um todo, ou se
poderemos observar movimentos de diferenciação entre classes de ativos e
regiões. Voltamos a estes temas nos próximos dias. Neste momento, não gostaria
de ler os movimentos de apenas 1 dia como verdades absolutas. Ainda espero um
cenário de incerteza e volatilidade no curto-prazo.
No
Brasil, o IPCA de outubro ficou levemente abaixo das expectativas, mas vimos
melhoras animadoras no qualitativo do indicador, especialmente no tocante a
inflação de serviços dessazonalizada e os índices de difusão. Acho que, após o
Focus, a melhora na inflação, apenas uma deterioração absurda das condições
financeiras seriam argumentos contrários a uma aceleração do corte da taxa
Selic. Assim, acredito que esta aumentando a probabilidade do BCB acelerar o
processo de corte da taxa Selic. Ainda vejo boas assimetrias na parte curta da
curva local de juros.
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