Reflation gaining ground...

Os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom mais positivo, em especial o mercado de renda variável e commodities, com o dólar apresentando desempenho misto e os juros nos países desenvolvidos apresentando aberturas de taxas de juros.

O destaque da noite ficou para a recuperação do PMI Manufacturing na China, cuja elevação acabou dando suporte aos mercados financeiros globais.

Acredito que os recentes sinais de recuperação da economia mundial são positivos. Mostra um crescimento em um ritmo levemente superior aquele verificado nos meses recentes, mas sem alterar de forma significativa o cenário central de um crescimento global baixo, porém estável, sem riscos de recessão, mas com flutuações em torno desta tendência. 

Os dados, assim, reduzem de forma substancial o risco de uma nova rodada de desaceleração do mundo, o que era visto por muitos como o início de um provável período de desaceleração da economia global, e uma possível maturação deste ciclo econômico desde o pós-crise de 2008.

O outro lado da moeda deste cenário, contudo, fica por conta do cenário de “reflation”, ou “reflação”, em que um crescimento mais sólido leva uma elevação nas taxas de inflação do mundo desenvolvido e uma postura potencialmente menos expansionista por parte dos bancos centrais nos países desenvolvidos. Neste cenário, os bancos centrais ajustariam seus instrumentos de política monetária e suas magnitudes, levando a uma abertura das taxas de juros de mercado ao redor do mundo.

Volta a refirmar que para o humor global a risco, a direção das taxas de juros no mundo desenvolvido importa, mas a velocidade de abertura de taxas pode vir a importar muito mais do que a sua direção. Enquanto este processo for gradual e bem conduzido, vejo espaço para uma boa performance dos ativos de risco, em especial de países emergentes com fundamentos sólidos (ou em vias de melhora), yields atrativos e posição técnica favorável, como o Brasil. Caso o processo de elevação das taxas de juros se torne mais rápido, acentuado e desordenado, poderemos conviver com períodos mais longos de incerteza e volatilidade. 

Eu ainda vejo a primeira opção como a mais provável. Devemos ter períodos de tranquilidade, eventualmente, sendo afetados por períodos de maior stress, mas este ambiente faz parte do processo de ajuste, especialmente nesta fase do ciclo econômico.

China – O Manufacturing PMI oficial subiu de 50,4 para 51,2, muito acima das expectativas. O Caixin Manufacturing PMI apresentou alta na mesma magnitute. 

Continuo vendo a economia da China em um processo de “stop-and-go”. Neste cenário, períodos de estabilização do crescimento, sustentados por medidas de estímulo governamental, serão seguidas de períodos de enfraquecimento da economia, muitas vezes também estimuladas por medidas do governo.

Nos últimos meses, um processo de re-alavancagem do mercado imobiliário e de crédito deram sustentação a estabilização da economia. Me impressiona, contudo, como o processo de alavancagem foi rápido e acentuado, com reflexos apenas moderados sobre o crescimento (ou seja, a economia foi capaz, apenas, de se estabilizar, sem nenhum sinal concreto de aceleração). Este cenário mostra que o modelo de crescimento parece esgotado e o poder dos policy maker cada vez mais limitado. Agora, o governo busca evitar bolhas em mercados específicos, o que pode vir a desacelerar o crescimento do país.

O cenário central é de um crescimento relativamente estável e saudável no curto-prazo, com alguma moderação da economia nos próximos 3 a 6 meses. O risco, contudo, continua a ser de algum erro de política ao longo do tempo.

Japão – Como era amplamente esperado, o BoJ manteve sua política monetária inalterada. Contudo, “empurrou com a barriga” o timing para atingir sua meta de 2% de inflação para “em torno do ano fiscal de 2018”. Esta possibilidade já vinha sendo ventilada na mídia.
                                            
Austrália – O RBA manteve os juros estáveis, sem alterações significativas em seu comunicado.

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