Risk-On! Year End Rally?
A terça-feira
foi de um movimento clássico de risk-on
para os ativos de risco, com bolsas em alta, abertura de taxas de juros no
mundo desenvolvido, dólar fraco, especialmente contra EM, e bom desempenho dos
ativos emergentes em geral. No complexo de commodities, vimos pressão sobre as
metálicas, mas uma forte alta no petróleo.
O movimento de hoje, pela primeira
vez, testou a minha tese descrita neste fórum desde a vitória de Trump de que a
velocidade de abertura das taxas de juros nos EUA importa tanto quanto, ou
mais, do que sua direção. Hoje vimos uma leve abertura de taxa de juros nos
EUA, reflexo de dados robustos de Vendas no Varejo e Empire Manufacturing,
ambos acima das expectativas nos EUA. Mesmo
com as taxas de juros abrindo nos EUA, vimos um excelente desempenho dos demais
ativos de risco.
O MXN
apreciou mais 2%, após alta de 1% ontem.
O ZAR e o RUB apreciaram na mesma proporção. O petróleo subiu mais de
5%. O EWZ (ETF da bolsa brasileira em NY) apresentou alta de 3,4% com EEM (ETF
de bolsas emergentes) subindo 2%. No mercado de balcão do BRL, o primeiro
vencimento futuro operou em torno de 3.400, contra um fechamento de 3.455 na segunda-feira.
Como
muito bem colocou Ray Dalio hoje, tudo indica que já passamos pelo piso da
inflação nos EUA, e pelo pico de preços (piso de taxas) dos bonds norte americanos. A princípio,
podemos estar diante de um processo (de uma tendência) longo e continuo de
elevação da inflação e abertura das taxas de juros no país.
Minha
visão é que, se este processo for gradual e bem conduzido, poderá ser digerido
de forma saudável pelos demais ativos de risco. Contudo, caso o processo se
torne mais rápido, acentuado e com rupturas, poderemos entrar em uma dinâmica
mais perigosa, com movimentos clássicos de risk-off.
Neste momento, meu cenário central é de que iremos alternar momentos de maior
tranquilidade, com períodos de maior volatilidade, como vimos nos últimos dias.
Acredito
que este ambiente abre uma janela de oportunidade para diferenciação entre
classes de ativos, mas, especialmente, entre países com fundamentos mais
sólidos/saudáveis, e países com situação mais delicada. Além disso, podemos ver
tendências mais claras nos mercados norte americanos, que passaram muitos anos
suprimidos por políticas monetárias que distorciam o preços dos ativos em
relação a seus fundamentos.
Mantenho
minha visão de que há espaço para um fortalecimento do dólar no mundo, especialmente
contra moedas cuja política monetária ainda terá que se manter expansionista
por um período de tempo mais elevado. A alta nas taxas de juros nos EUA parece uma
tendência que poderá durar anos, e não apenas meses. Contudo, ainda vejo
oportunidades de investimentos em países com fundamentos saudáveis ou em vias
de recuperação, como o Brasil. Mantenho o foco na parte mais curta e
intermediária da curva local de juros, devido ao cenário que temos de
crescimento pífio, inflação cadente e aprovação do ajuste fiscal. Além disso,
não vemos motivos para uma crise mais aguda, devido a um balanço de pagamentos
mais balanceado, reservas internacionais elevadas e uma liquidez ainda
abundante.
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