“One month does not make a trend, but...”
O destaque do dia ficou
por conta dos dados de emprego de outubro nos EUA, mas algumas pesquisas
eleitorais não passaram despercebidas pelos investidores.
Ainda existe um grande
receio em torno do cenário eleitoral nos EUA, o que está mantendo os ativos de
risco em compasso de espera, com movimentos bastante técnicos, e sem tendências
definidas. Na margem, as pesquisas mostraram alguma estabilização, senão leve
recuperação, de Hillary Clinton na corrida eleitoral norte americana.
No tocante ao mercado
de trabalho, vimos uma desaceleração da criação mensal de vagas, uma queda da
taxa de desemprego, mas em muita explicada pela queda da taxa de participação,
e uma forte elevação dos indicadores de salário.
Os números reforçam a
visão de que uma alta de 25bps nos Fed Funds deve ocorrer no FOMC de dezembro,
salvo uma catástrofe até lá. Mais importante do que isso, o que este número
representa para o cenário estrutural da economia dos EUA e os mercados
financeiros globais?
Apesar de “um mês não
representar uma tendência”, parece evidente que a economia americana está muita
próxima (senão já superou) o “full employment”, o que implica em uma alta
gradual da inflação, com desaceleração do desemprego, exatamente o que os dados
de emprego de hoje sinalizaram.
Para os ativos de
risco, a velocidade de aceleração da inflação que será determinante para a
dinâmica dos mercados. Enquanto este processo for gradual, o Fed poderá manter
uma postura cautelosa no ajuste das taxas de juros. O risco, contudo, fica por
conta de uma aceleração mais acentuada das taxas de inflação, que levem o Fed a
adotar postura mais agressiva no processo de normalização monetária. Me
incomoda o mercado precificar menos de 2 altas de 25bps até o final de 2018.
Esta precificação pode vir a causar momentos de stress pontuais nos ativos de
risco, conforme o mercado tenha que ajustar suas expectativas da curva curta de
juros.
No Brasil, tivemos um
dia de bom desempenho dos ativos locais, ainda seguindo o humor global a risco.
No cenário interno, destaque apenas para algumas altas de impostos,
especialmente no pacote de ajuste fiscal do Rio de Janeiro, e rumores de alguma
pressão de inflação provenientes do setor de energia.
No tocante ao
portfólio, mantenho viés estrutural positivo para a curva local de juros, e
viés tático positivo para o BRL em torno de 3,25. Nos atuais níveis, e frente
aos dados norte americano divulgados hoje, acho valido adicionar posições
tomadas na taxa de juros dos EUA, assim como ir acumulando posições compradas
em USD como funding e hedge da posição de BRL. Não tenho viés
para o S&P nos atuais níveis. Mantenho alguns hedges via opções no mercado
local de renda variável, basicamente com a visão de proteger uma eventual
vitória de Trump.
Alguns fatores pontuais
que merecem ser mencionados:
Petróleo – Voltou a operar em torno de
US$44 do WTI após novas divergências da OPEP. Além disso, a o mercado parece
ter sido pego no “contrapé” deste movimento, com posições excessivamente
compradas.
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