Mercados Globais - Brasil: Mini crise política e crescimento frágil.
Com o feriado prolongado nos EUA, espero mais um dia de baixa liquidez nos ativos de risco, o que pode vir a acentuar os movimentos de curto-prazo. Neste momento, destaque apenas para um movimento de queda do dólar no mundo, mas sem motivo específico.
Eu mantenho posição na parte curta da curva nominal e real de juros. Estou taticamente comprado em BRL em torno de 3,40, mas com stop curts e posição pequena. Mantenho posição comprada em dólar no mundo, mas com viés de aumenta-la em momentos de fraqueza da moeda dos EUA. Mantenho viés tomador de taxa nos EUA.
No Brasil, o episódio envolvendo o agora ex-Ministro da Cultura e o Ministro da Secretaria de Governo tomou proporções maiores nas últimas horas. OS jornais estão dando imenso destaque ao fato do ex-Ministro da Cultura ter gravado conversas com o presidente Michel Temer e o Ministro da Secretaria de Governo. Segundo ele, houve pressão das partes para uma obra em Salvador, onde o Ministro da Secretaria de Governo teria um imóvel, ser liberado pelo agora ex-Ministro da Cultura. O Planalto afirma que Temer apenas agiu para arbitrar o conflito entre as partes.
O episódio é mais um obstáculo a ser superado pelo atual governo. Em um momento de fragilidade política, com o avanço da Operação Lava-Jato e a proximidade do acordo de delação premiada da Odebretch, um evento desta magnitude, que deveria ser apenas um ruído pontual, não poderia se tornar um problema de grandes proporções para Temer e Cia. Ainda vejo o episódio como um ruído pontual, mas precisaremos saber o conteúdo das gravações para entender até que medida Temer está envolvido no caso. Um risco pequeno acabou se tornando um episódio que pode balançar o governo, pelo menos no curto-prazo.
No campo econômico, os sinais de crescimento continuam extremamente negativos. Os dados de crédito divulgados pelo BCB ontem mostraram que a economia ainda passa por um grande aperto de crédito. As principais tendências, que vêm sendo regra nos últimos meses, foram mantidas. São elas: Aumento de taxas e spreads, queda nas concessões e nos estoques de crédito e piora na inadimplência. Olhando de hoje, fica difícil vislumbrar qualquer pilar de sustentação da economia, exceto por um processo responsável de queda da taxa Selic.
Já no mercado de trabalho, o CAGED manteve a trajetória de queda, apontando para a continuidade do processo de deterioração do mercado de trabalho e alta na taxa de desemprego.
Neste ambiente, mesmo a rápida e acentuada elevação dos indicadores de confiança após o impeachment já mostram sinais de estabilização, sem que tenha ocorrido um repasse para os indicadores contemporâneas, ou “hard data” de atividade econômica. A situação do crescimento continua extremamente frágil e preocupante.
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