Update
O destaque do dia ficou
por conta do anuncio de um acordo para o corte de produção de petróleo por
parte da OPEP, evento cuja a probabilidade havia se reduzido nos últimos dias.
O petróleo sobe em torno de 9% hoje. Acho que não podemos descartar a
continuidade deste movimento. Níveis em torno de US$55 a US$60 podem ser
atingidos nos próximos meses.
Com a alta no preço do
petróleo, e dados sólidos de atividade econômica nos EUA, tivemos mais um dia
de abertura de taxas de juros nos EUA dando suporte a um movimento de dólar forte
no mundo, em especial contra G10. O que chamou a atenção hoje foi o movimento
de diferenciação efetuado pelos mercados de LatAm, em parte ajudados pela alta
no preço do petróleo.
Mantenho minha visão já
descrita neste fórum por diversas vezes de que há espaço para diferenciação entre classes de ativos, países e regiões
no desempenho dos mercados. Contudo, mesmo com uma posição técnica
aparentemente “esticada”, o mercado de juros nos EUA não consegue apresentar
movimentos relevantes de fechamento de taxas, e nem mesmo o dólar consegue
apresentar rodadas mais sustentáveis de queda. Assim, movimentos adicionais,
rápidos e acentuados, de abertura de taxas de juros nos EUA ainda são um risco
para os ativos de risco. Continuo vendo uma tendência estrutural de
fortalecimento do dólar no mundo, sustentando por uma abertura gradual de taxas
de juros nos EUA.
No Brasil, o PIB ficou
praticamente em linha com as expectativas do mercado. As revisões anuais
mostraram uma base maior do que o anteriormente imaginado, mas sem alterar de
forma relevante o quadro pífio de crescimento do país. Após a divulgação do
número, houve uma onda de revisões baixistas para o PIB de 2017, o que já vinha
sendo refletido na pesquisa Focus.
Mantemos uma visão
bastante cauteloso em torno da recuperação da economia. Como muito bem
descreveu nossa área econômica hoje, embora
tenha vindo melhor que o esperado, tem-se um quadro de investimentos caindo
fortemente (-3,1%t/t dessaz), enquanto o consumo das famílias encolheu -0,6%
t/t dessaz. Além disso, não vemos drivers de crescimento para os próximos
trimestres. No lado do consumo, a continuidade da deterioração do mercado de
trabalho (e o consequente encolhimento da massa salarial real) deve continuar
sendo drag. No lado dos investimentos, os atuais níveis de confiança dos
empresários são condizentes com fracas taxas de crescimento ano/ano. Além
disso, os atuais níveis de incerteza, endividamento e os elevados juros
bancários atrapalharão a dinâmica de crescimento nos próximos meses.
A visão em relação ao
mercado segue inalterada, apenas com ajustes pontuais de magnitude e
instrumentos em cada classe de ativo.
Continuo gostando estruturalmente de posições aplicadas em juros
no Brasil, mas promovemos algumas alterações no portfólio nos últimos dias. Já
não temos mais posições em NTNB, devido ao cenário mais benigno para a inflação
de curto-prazo, e uma inflação implícita que se elevou consideravelmente nas
últimas semanas. Além disso, para tentar nos distanciar do “game” do próximo
Copom, alongamos um pouco a posição aplicada em juros nominais. Acredito que
posições em BRL devem ser relativas a outras moedas, e mais táticas do que
estruturais. Estamos taticamente comprados em BRL. Ainda gostamos de posições
compradas em dólar contra G10 e continuamos esperando um momento mais oportuno
para alocar risco na direção de taxas de juros mais elevadas nos EUA (o que tem
se mostrado uma decisão errada).
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