Relief Rally, China e Juros Brasil.

Os ativos de risco tiveram um “relief rally” gigantesco ontem, com as últimas pesquisas de intenções de voto para presidente dos EUA consolidando Hillary Clinton na liderança, com cerca de 3 a 4pts de favoritismo. O movimento foi um clássico “risk-on” com alta nas bolsas e nas commodities, enfraquecimento do dólar ao redor do mundo e abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos.

Em especial, a alta nas bolsas chama a atenção, o que me faz acreditar que o técnico do mercado tenha melhorado de forma significativa nos últimos dias. Vale lembrar que passamos por um período em que os dados de atividade econômica global apresentaram recuperação, os resultados corporativos (especialmente nos EUA) ficaram acima das expectativas, mas o mercado veio em uma tendência de mais de uma semana de queda, com o S&P500, por exemplo, atingindo o menor patamar recente. Mesmo após a alta de ontem, uma vitória de Hillary hoje poderá dar um impulso adicional a esta classe de ativos no curto-prazo.

Na China, o destaque da noite ficou por conta dos dados de Exportação e Importação. Os números apresentaram leve recuperação, um pouco aquém das expectativas, e ainda em patamar baixo. Meu cenário central é de estabilização do crescimento chinês no curto-prazo, o que pode dar um falso senso de tranquilidade para o cenário. Contudo, não vejo este cenário para a China como sustentável. Espero uma nova rodada de desaceleração da economia nos próximos 3 a 6 meses, a despeito de um cenário mais construtivo no curtíssimo-prazo (talvez até o início de 2017). Abaixo, segue os destaques dos números de hoje, cortesia da Morgan Stanley:

Declines in exports and imports growth narrowed in October, but slightly weaker than market expectations. Exports growth picked up to -7.3% YoY in October (vs. -10.0% YoY in September, consensus and MSe: -6.0% YoY) due to a low base, while seasonally adjusted sequential growth softened, dragged by weaker capital goods exports. Imports growth edged up to -1.4% YoY in October (vs. -1.9% YoY in September, consensus and MSe: -1.0% YoY), defying a high base, likely reflecting still resilient domestic demand growth. As a result, the trade surplus rebounded by US$7.1bn to US$49.1bn in October (vs. US$42.0bn in September).

Increased capital outflows in 3Q16, but October outflows may have stabilized: The preliminary 3Q16 balance of payments published by SAFE slipped to -US$136bn (vs. -US$35bn in 2Q16) due to increased capital outflows. October FX reserves dropped by US$46bn (vs. -US$19bn in September), largely driven by negative valuation effect. Excluding the effect, the decline in FX reserves narrowed to -US$9bn in October (vs. -US$26bn in September). This suggests that the underlying pace of capital outflows has likely remained largely the same as in September amid capital control measures.

No Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. A pesquisa Focus, do BCB, apresentou mais uma rodada de queda das expectativas de inflação para 2016 e 2017, uma excelente notícia para o BCB. Na quarta-feira, teremos a divulgação do IPCA de outubro, onde poderemos acessar de maneira mais clara os próximos passos de política monetária.


Eu continuo vendo o mercado local de juros como um excelente investimento estrutural. Gosto da parte intermediária das curvas reais e nominais. Contudo, neste momento, vejo uma assimetria bastante interessante na parte curtíssima da curva, que precifica cerca de 3 quedas em torno de 30bps nas próximas 3 reuniões do Copom. Acredito que exista um risco não desprezível de uma acelerada deste processo, o que torna a assimetria desta parte da curva muito positiva. Vale lembrar que existe uma diferença entre carregar esta posição até a reunião do Copom, por questões de assimetria, e passar a reunião com esta posição. Reforço que, se o Copom fosse hoje, tudo indica que a queda da taxa Selic seria de 25bps. Contudo, acredito que a probabilidade de queda de 50bps, após o Focus e, se o IPCA vier mais positivo, pode se elevar brutalmente.

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