Brasil: Cenário político volta ao centro das atenções.

O dia foi de poucas novidades no cenário externo, mas bastante intenso na agenda local.

No meu ponto de vista, o episódio envolvendo o agora ex-Ministro da Secretária de Governo foi superado. A transcrição do depoimento do ex-Ministro da Cultura não mostrou qualquer tipo de postura ilícita por parte do presidente Michel Temer. Quando a eventual pressão relatada pelo ex-Ministro da Cultura, resta as autoridades definirem se é passível de punições. O ex-Ministro envolvido no caso pediu demissão, e o governo já busca um novo candidato à vaga. Este foi apenas mais um dos diversos eventos que já ocorreram neste governo, envolvendo pessoas próximas ao atual presidente. Com a Lava-Jato em andamento, não será o último evento com as mesmas características. O erro foi o presidente ter demorado em definir o destino dos envolvidos no caso.

No decorrer do dia, vimos amplo apoio da base aliada ao governo e, mais importante do que tudo, a agenda de reformas proposta ao Congresso. Tudo indica que o Teto dos Gastos será votado em primeiro turno no Senado na semana quevem. No começo de dezembro, o governo pretende avançar com a proposta de reforma da previdência.

O maior problema do país hoje é a ausência de crescimento da economia, e um crescente clamor popular contra a classe política, e temas que estão sendo discutidos no Congresso, como o que ficou conhecido como “Anistia ao Caixa 2”.

O problema do crescimento será resolvido ao longo do tempo, mas um corte responsável da taxa Selic seria um caminho natural de suporte a economia. Eu acredito que o certo a ser feito seja cortar a Selic em 50bps no próximo Copom, mas o BCB se colocou em uma posição complicada em termos de comunicação. Nos últimos dias, vimos boas coletas de inflação e, hoje, a bandeira verde na conta de luz deverá retirar cerca de 10bps do IPCA no ano. Existe uma chance elevada de termos um IPCA dentro do teto da meta de inflação, ou abaixo de 6,5%. Vale lembrar que, até pouco tempo atrás, era consenso um IPCA em torno de 7,2%-7,3% para este ano.


No tocante aos temas discutidos no Congresso, a situação é realmente delicada. A semana que vem poderá ser essencial nesta direção. Por ora, a despeito de eu estar sentido uma clara mudança do humor dos investidores locais em relação ao cenário político, vou manter minha tese de que Temer tem condições de avançar nos temas essenciais para as reformas do país. Mas não há dúvida de que uma luz amarela tenha sido acessa.

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