Long Carry, Short Growth!
Após uma sexta-feira de busca generalizada por ativos de risco,
os mercados financeiros globais parecem estar reagindo, nesta segunda-feira, de
maneira mais clássica, aos sinais de baixo crescimento global. Além do PIB mais
fraco do 2Q nos EUA, na noite de hoje observamos sinais de um crescimento chinês
ainda frágil.
Liderados por uma forte queda no preço do petróleo, que já tínhamos
chamando a atenção há alguns dias, os ativos de risco estão apresentando sinais
de fadiga. Neste momento, o contágio é apenas marginal. Os sinais de baixo
crescimento global, na ausência de uma postura mais agressiva dos bancos
centrais das principais economias do mundo (ou pela ausência de instrumentos mais
eficazes), pode gerar alguma apreensão, ou uma volatilidade um pouco mais
acentuada no curto-prazo.
Ainda me parece cedo para afirmar que o cenário positivo para
ativos de risco tenha chegado ao fim, algo que só teremos certeza nos próximos
dias. Todavia, continuo favorecendo um portfólio que pode ser resumido em: “ Long Carry, Short Growth”. Acredito que
exista um amplo espaço para a diferenciação entre classes de ativos, e ativos
de países específicos. O cenário me parece mais favorável às taxas de juros de
países com fundamentos sólidos e/ou yields
elevados (leia-se juros brasileiros). Vejo obstáculos para que o desempenho
positivo das commodities e das bolsas globais continuem na mesma toada do que
observamos nas últimas semanas. O mercado de câmbio me parece menos óbvio e
deve acabar seguindo histórias mais específicas. Continuo sendo comprador de
ativos brasileiros no relativo a outros países, mas no direcional, favorecendo
as taxas de juros.
Nos EUA, o ISM Manufacturing saiu de 53,2 para 52,6 pontos em
julho, abaixo das expectativas de 53,0. A despeito da queda no mês, o indicador
continua mostrando um cenário de crescimento relativamente estável da economia.
O cenário base continua a ser de um baixo crescimento global,
com flutuações em torno da tendência. O risco de recessão ainda é baixo.
Todavia, em um cenário em que a economia mundial cresce a taxas baixas, na ausência
de instrumentos monetários mais agressivos e eficazes, o acumulo de sinais de
arrefecimento do crescimento pode vir a causar um impacto mais negativo nos
mercados financeiros em momentos pontuais. Ainda não temos sinais claros de que
o risco de recessão global tenha se elevado, mas os dados de EUA e China
ascendem uma luz amarela no cenário.
Assim, nos atuais níveis de preço, vejo uma assimetria maior em
alocações em ativos de yield/carry em
detrimento a ativos mais sensíveis e dependentes do crescimento da economia
mundial. Isso não necessariamente significa que precisaremos passar por uma
forte aversão a risco.
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