Pacote fiscal no Japão: Buy the rumor, sell the fact!

Os ativos de risco estão dando sequencia ao movimento de fadiga observado ao longo da segunda-feira. As bolsas dos EUA (mercados futuros) e Europa operam em queda. O dólar sobe contra as moedas EM, mas cai contra G10, em um claro movimento de aversão a risco. As commodities estão estáveis, talvez ajudadas pelo dólar fraco contra G10. Já as taxas de juros no mundo desenvolvido apresentam leve abertura de taxas.

Vejo espaço para um período de volatilidade mais intensa, com alguma realização de lucros em mercados específicos (vide “Mercados Globais – Long Carry, Short Growth”). Estamos diante de um cenário em que o crescimento do mundo desenvolvido dá sinais adicionais de arrefecimento, sem que os bancos centrais e/ou a política fiscal atenda as expectativas do mercado. Além disso, o níveo de preços e a posição técnica aparenta estar menos positiva do que no passado recente (mas ainda não excessivamente “esticada”).

O destaque da noite ficou por conta do detalhamento do pacote fiscal no Japão. Em resumo, o pacote fiscal decepcionou as expectativas do mercado, que haviam ficado excessivamente otimistas nas últimas semanas. A primeira reação dos ativos de risco foi uma apreciação do JPY, que está dando suporte às demais moedas de G10.

Como eu tenho reforçado neste fórum desde a reunião do G20, acho extremamente otimista esperar um movimento global, coordenado e agressivo de medidas de estímulo fiscal ao redor do mundo. Acredito que estes movimentos, se acontecerem, tenderão a ser pontuais e localizados. A política monetária é mais facilmente ajustada, com medidas proativas, flexíveis e ágeis. A adoção de QE, queda de juros, taxas de juros negativas e afins são implementadas em decisões rápidas por parte dos bancos centrais. A política fiscal, por sua vez, necessita de um consenso político, muitas vezes inexistente. Além disso, por outras vezes, as medidas tomadas são inadequadas ou insuficientes. Finalmente, medidas concretas e adequadas costumam ser reativas, e não proativas. Assim, os governantes costumam atuar apenas após um período de “crise”, ou pressão por parte dos mercados e/ou da sociedade.

A Barclays fez um breve, porém completo detalhamento do pacote anunciado hoje: The Cabinet today adopted an economic package totaling JPY28.1trn (5.6% of annual GDP), with JPY13.5trn in fiscal measures*, including about JPY7.5trn in direct fiscal expenditure by the central and local governments (“real water”) and JPY6trn in government credit lines through the fiscal investment and loan program (FILP). However, the total (JPY28.1trn) will be spread over multiple years, with even the real water (JPY7.5trn) extending into FY17. Moreover, expenditure on public works within the budgets of the central and local governments includes costs for acquiring the requisite land, which typically amount to around 10-20% of those public works and by definition are not included in GDP. Also, the credit lines through FILP may be tapped only partially or to replace existing loans without contributing to GDP. Considering these factors, we continue to expect this ostensibly large package to boost GDP by only about JPY5trn (1% of GDP) in the first year, which is already factored into our GDP forecasts.

Na Austrália, O RBA caiu a taxa básica de juros em 25bps, como o mercado acabou precificando nos últimos dias. O comunicado deu poucas indicações em relação ao que precisa ser feito de agora em diante, o que pode ter decepcionado as expectativas daqueles em busca de uma sinalização mais clara em torno da possibilidade de novas quedas de juros.

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