Brasil: Governo tem dificuldades em aprovar Teto de Gastos.

Na ausência de novidades relevantes no cenário, os ativos de risco estão dando sequencia ao movimento de realização de lucro que vem sendo regra ao longo desta semana. Hoje pela manhã, estamos vendo o dólar mais forte ao redor do mundo, as bolsas da Europa e EUA (mercados futuros) em queda, e um movimento de leve abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido e emergente. A despeito da alta no preço do petróleo, os metais básicos operam em queda.

No Brasil, o governo foi obrigado a ceder em sua negociação junto ao Congresso para avançar na votação do Teto dos Gastos (vide detalhes a seguir). A notícia deve ser lida como uma derrota para o governo, e pode acabar sendo vista como negativa, no curto-prazo, para os ativos locais.

Eu mantenho uma visão de que as negociações fazem parte do jogo político. O ajuste fiscal deverá ser longo e tortuoso. Nenhum projeto apresentado pela equipe econômica deverá ser aprovado de forma fiel ao que foi proposto, já que sempre encontra resistência por parte do Congresso e da sociedade. Contudo, o governo precisará trabalhar em uma agenda consistente de medidas, com intuito de colocar o país de volta ao rumo do crescimento, inflação baixa e contas públicas sustentáveis.

Ainda acredito que isso ocorrerá ao longo do tempo. Contudo, entendo que os investidores podem ficar angustiados, ou decepcionados, no curto-prazo, com a ausência de medidas concretas, efetivas e agressivas. Assim, podemos continuar a ver um período de acomodação/realização de lucros para os ativos brasileiros no curto-prazo. Parece-me faltar momento, a posição técnica não é tão saudável como no passado recente, e o nível de preços é menos atrativo. Continuo favorecendo a parte intermediária e longa das curvas nominais e reais de juros, em detrimento ao BRL e ao Ibovespa.

 Segundo o Correio Braziliense:

O segundo dia de votação na Câmara dos Deputados após o fim do recesso branco deixou clara a falta de unidade da base aliada do governo do presidente interino, Michel Temer. As pressões dos servidores e dos governadores com os parlamentares contribuiu para o aumento das dificuldades na votação de ontem do projeto de lei complementar que modifica a dívida dos estados, o PLP nº 257/2016, adiada para a semana que vem. Há sinais de que governo vai ter que ceder muito para conseguir apoio da base aliada. Os parlamentares tendem a retirar do projeto de lei contrapartidas para o alongamento da dívida. Elas impunham aos governadores mais disciplina nos gastos, sobretudo com pessoal, em troca do socorro financeiro.

Para o Valor:

Partidos da base aliada impuseram, junto com o relator do projeto, deputado Esperidião Amin (PP-SC), um novo texto que acaba com a maior parte das novas regras de cálculo de despesas com pessoal defendidas pelo governo Temer. Os políticos cederam à pressão dos servidores que temiam ser prejudicados com as contrapartidas que os Estados dariam para fechar acordo de renegociação da dívida com a União. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, protestou pela manhã, em reunião com Amin, deputados e o presidente interino Michel Temer, que novas concessões passariam uma imagem ruim ao mercado. Os parlamentares rebateram que, sem mudanças, o governo seria derrotado. O texto foi negociado ao longo do dia e, embora Meirelles tenha sinalizado não concordar com as mudanças, afirmou que não são a essência do projeto. "A LRF é discussão paralela importante, mas não é contrapartida." Apesar das concessões, o risco de que o quórum fosse insuficiente para aprovar o projeto devido as eleições municipais fez o governo adiar a votação na Câmara para segunda-feira. Cerca de 400 deputados tinham registrado presença, mas a oposição arrastaria a discussão até a madrugada e eram precisos 257 votos para aprovar o texto.

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