Uma pausa no carry trade.

O grande destaque das últimas 24 horas ficou por conta da mudança de tom utilizado por membros do Fed em relação a política monetária norte americana. A despeito de uma inflação contida, e um crescimento baixo, porém relativamente estável, o Fed voltou a sinalizar para a possibilidade de dar continuidade ao processo de normalização monetária no país, com uma nova alta de juros ainda este ano. Alguns membros do FOMC alertaram, inclusive, para o risco de uma alta de juros já na reunião de setembro.
O mercado precificava uma probabilidade em torno de 25% para uma alta em setembro e menos de 50% de uma alta de 25bps ao longo de todo este ano. O mercado está sendo obrigado a rever está precificação.
Como era de se esperar, os ativos de risco estão reagindo de maneira clássica aos últimos sinais do Fed, com uma pausa no movimento de “risk-on” e, especialmente, uma pausa nocarry trade que marcou as últimas semanas dos mercados financeiros globais.
Hoje, o destaque do dia ficará por conta das Minutas do FOMS. Pelas declarações recentes do Fed, podemos esperar um texto mais hawk do que o imaginado até poucos dias atrás.
Diante de um quadro de menor crescimento global, especialmente na China; uma posição técnica ainda saudável, porém muito pior do que há algumas semanas atrás; níveis de preço menos atrativos e, agora, um Fed mais hawkish, podemos esperar, no mínimo, um processo de consolidação dos ativos de risco. Não descarto algum tipo de realização pontual de lucros.
Os ativos no Brasil estão basicamente seguindo o humor global a risco. Ontem, verificamos um movimento de queda da bola, abertura de taxas de juros e alta do dólar (queda do BRL).
Os jornais continuam ventilando noticias que mostram resistência do Congresso em relação a PEC do Teto dos Gastos, ou seja, mais ruídos para o ajuste fiscal. Eu vejo esse processo como natural, mas entendo que possa gerar ruído no curto-prazo, especialmente diante da possível mudança do vento externo favorável.

O mercado de juros, em especial, passa por um processo um pouco mais longo de consolidação. A inflação de curto-prazo está surpreendendo o mercado para cima, o BCB está mantendo um tom mais duro, e o ajuste fiscal avança apenas vagarosamente. Ontem, soubemos que a conta de luz poderá ficar mais cara em setembro, adicionando cerca de 10bps a um IPCA já acima do previsto há poucos dias atrás.

Nosso cenário base continua a ser de que o processo de queda de taxa Selic só ocorra, no mínimo, em dezembro, com riscos elevados de que o ciclo tenha início após está data.

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