All eyes in Jackson Hole!
Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, a espera das declarações de Yellen – presidente do Fed – em Jackson Hole, na manhã de hoje. Acredito que a conferência será importante como um canal de abertura para um debate mais teórico, e de longo-prazo, no tocante ao poder da política monetária na atual conjuntura econômica global dos países desenvolvidos. Não espero nenhuma decisão (ou conclusão mais concreta) vinda destes debates, mas a abertura de uma porta, já muito bem introduzida por Williams, do próprio Fed, em paper na semana passada.
Vejo dois cenários para Yellen. No primeiro, ela foca seu discurso em temas mais teóricos, em linha com o tema da conferência. No segundo, ela utilizaria o seu tempo para sinalizar a possibilidade de uma alta de juros ainda este ano nos EUA. Em ambos os casos, espero que a conclusão para o médio-prazo seja de uma taxa terminal de juros muito mais baixa do que no passado, e um caminho extremamente gradual de alta de juros.
É inegável que existe espaço para uma reprecificação dos ativos de risco no curto-prazo, especialmente se o segundo cenário prevalecer. A curva de juros nos EUA poderia apresentar abertura de taxas, saindo de uma probabilidade de 50% de alta de juros este ano, para um nível mais próximo de 70%-80%; esperaria uma flattening adicional da curva americana; o USD deveria ganhar alguma sustentação; e poderíamos ver mais uma rodada de consolidação dos ativos emergentes. Todavia, não acredito que estes movimentos seriam sustentados diante da ausência de um quadro inflacionário mais evidente.
No Brasil, Claudia Safatle, do Valor, afirma que a lua de mel de Temer está chegando ao fim, e seu governo precisará entregar medidas concretas afim de convencer o mercado de sua capacidade técnica para o ajuste econômico. Nesta linha, Ribamar Oliveira, do mesmo Valor, afirma que o governo interino, uma vez confirmado no cargo, dará prioridade total a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e para a Reforma da Previdência. Acredito que as duas são medidas extremamente importantes para o ajuste econômico do país. Caso sejam aprovadas, de maneira a alterar significativamente o aumento estrutural dos gastos públicos e o perfil da previdência no país, será um avanço institucional muito importante e positivo para o Brasil, e que ainda não estão totalmente precificados nos ativos locais.
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