Jackson Hole and beyond.

O final de semana foi marcado pela continuidade da conferência dos principais bancos centrais do mundo em Jackson Hole. Após a sinalização, simples e clara, emitida pelo Fed ao longo da sexta-feira (já comentada neste fórum), acredito que o Financial Times tenha resumido bem a conclusão da conferência:

Central bankers to persist with brave new world
Sam Fleming in Jackson Hole
The message from the meetings in Jackson Hole was clear: there is no winding the clock back to the pre-crisis world of central banking as officials seek ways of improving their monetary weaponry.

Interventions by fellow central bankers bore out that impression. Governor Haruhiko Kuroda of the Bank of Japan said he saw “ample space” for further loosening of the institution’s monetary policy, as he defended the central bank’s attempts to bolster growth and inflation via policies including negative rates.
Benoît Cœuré, a member of the European Central Bank’s executive board, told the conference that the unconventional measures being deployed by big central banks could come with unwanted side-effects. Nevertheless, if other parts of governments did not do their part to bolster economies, the ECB “may need to dive deeper into our operational framework and strategy to do so”, he argued.
Papers presented at the conference support the notion that central banking will remain in the brave new world it entered after the crisis forced policymakers to rip up traditional templates.
No Brasil, o processo de impeachment continua sem grandes novidades e dentro do script. Uma entrevista de Moreira Franco ao O Globo deste domingo coloca grandes expectativas positivas para o governo após a aprovação definitiva do processo. Acho válido destacar algumas frases de um doa auxiliares mais próximos de Temer:

Vocês podem garantir que o presidente Temer não vai recuar. Haverá negociação, busca para um compartilhamento da responsabilidade. Diante da crise, ele tem consciência de que o papel dele como presidente é deixar o país em um novo rumo econômico. O horizonte eleitoral não passa no vídeo do presidente Temer e nem deveria. As medidas que têm que ser tomadas serão tomadas e serão tomadas antes das eleições, seja neste ano, seja em 2018.

Errou, e mudamos rápido. As pessoas não estão gostando (dos reajustes). Algumas carreiras do setor público precisam ser revistas. Na sociedade, as relações econômicas e financeiras foram desindexadas, a partir da consciência criada pela experiência traumática da hiperinflação. Mas, no setor público, elas continuam indexadas. Isso é uma injustiça profunda com o cidadão, com a sociedade brasileira.

Continuo vendo espaço para consolidação dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Contudo, para uma inversão completa de tendência, acredito que o cenário econômico global precisará ser totalmente alterado, ou com sinais mais claros de desaceleração do mundo, ou com risco de que o processo de alta de juros pelo Fed seja retomado, não apenas com mais uma única alta até o final deste ano, mas com sinais de que o processo possa levar as taxas de juros para níveis não precificados atualmente pelo mercado americano de juros. Para isso, acredito que os números de inflação precisarão mostrar uma aceleração mais clara e consistente.

Acredito que o momento deva ser para se apropriar da volatilidade para adicionar risco no portfólio em ativos que oferecem fundamentos de qualidade (ou em vias de melhora),yields/carry atrativos e posições técnicas não muito esticadas. Ainda vejo os ativos no Brasil apresentando essas características, a despeito dos ruídos políticos e de uma piora marginal de posição técnica nos últimos meses. Concomitantemente a este cenário, acho prudente manter alguns hedges externos, como alguma exposição comprada em USD e vendida em renda variável global.

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