Realização de Lucros.

O dia foi de realização de lucros generalizada das principais posições consensuais dos mercados financeiros globais. Observamos movimentos de abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido e no mundo emergente, queda das bolsas, dólar fraco contra G10, porém mais forte contra EM. O petróleo deu continuidade à sua trajetória de queda.

Eu vejo estes movimentos como pontuais, meras realizações de lucros, naturais e saudáveis, em meio a um ambiente de incerteza. O ADP Employment nos EUA amanhã, e os dados oficiais de emprego na sexta-feira, serão fundamentais para a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco.

Números muito fracos podem elevar a visão do mercado em torno do potencial risco de recessão nos EUA. Números saudáveis, contudo, poderão retomar a tendência otimista do mercado, já que uma alta de juros por parte do Fed parece descartada, colocando o cenário de baixo crescimento, com flutuações em torno da tendência, mas sem risco de recessão, de volta ao cenário central. O maior risco para os ativos de risco seria uma surpresa negativa no emprego, concomitante com uma alta de salários. Esta combinação poderia gerar uma forte aversão a risco, pois reforçaria a visão de um crescimento potencial baixo, com baixa produtividade, podendo forçar o Fed a uma alta de juros em momento delicado para o crescimento.

Reforço minha visão dos últimos dias. Vejo espaço para um período de volatilidade mais intensa, com alguma realização de lucros em mercados específicos (vide “Mercados Globais – Long Carry, Short Growth”). Estamos diante de um cenário em que o crescimento do mundo desenvolvido dá sinais adicionais de arrefecimento, sem que os bancos centrais e/ou a política fiscal atenda as expectativas do mercado. Além disso, o níveo de preços e a posição técnica aparenta estar menos positiva do que no passado recente (mas ainda não excessivamente “esticada”).

Os ativos Brasileiros estão basicamente seguindo a tendência global. Minha impressão é que o mercado continua OW em câmbio e juros, mas elevou suas alocações em BRL em detrimento a suas alocações em juros. O mercado ainda se mostra “leve” no mercado de renda variável.

O dia trouxe algumas informações adicionais em torno da economia do Brasil. De forma resumida, a produção industrial dá sinais cada vez mais claros de recuperação. Os dados de confiança inspiram otimismo, mas ainda é cedo para acreditar em uma recuperação rápida e acentuada da economia.

Segundo nossa área econômica:


A produção industrial cresceu 1,1%m/m dessaz em junho, em linha com esperado. Entretanto, a variação ano/ano surpreendeu para cima (-6%a/a vs. BBG: -6,3a/a). Em relação ao nosso cenário de crescimento para o trimestre, a produção industrial não trouxe novidade. Um destaque foi a taxa de crescimento de 2,1%m/m dessaz em bens de capital. Esperamos que o próximos meses continuem mostrando um melhor desempenho relativo da produção industrial vis-à-vis vendas no varejo e consumo.

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