Ajuste ao Fed.

Os ativos globais de risco continuam se ajustando para a possibilidade de uma alta de juros por parte do Fed (mais cedo do que tarde). Com a curva de juros norte americana precificando probabilidade em torno de 35% de uma alta de 25bps em setembro, e uma probabilidade de 60% de uma alta desta mesma magnitude ao longo de todo este final de ano, ainda parece haver espaço para a continuidade deste ajuste dos ativos de risco no curto-prazo, especialmente caso se consolide o cenário de uma alta de juros nos próximos meses.

Vale lembrar que os mercados financeiros globais vieram de um forte movimento positivo nos últimos meses, com a posição técnica deteriorando-se à medida que os investidores fora promovendo alocações a risco em busca de retornos, carry e yield. Assim, não podemos descartar a continuidade dos movimentos recentes, como o fortalecimento do dólar no mundo, queda no preço das commodities e algum ajuste nos índices de bolsa.

Ainda não vejo necessidade, ou um ambiente claro, para um sell-off mais agressivo, mas precisamos acompanhar com cuidado os desenvolvimentos na China, e a capacidade do mercado em absorver está oferta de ativos de risco em busca de ajuste de posições.

O Consumer Confidence de agostos, nos EUA, subiu de 96,7 para 101,1 pontos, acima das expectativas de 97,0. A abertura do indicador mostrou um mercado de trabalho bastante robusto, reforçando o cenário descrito pelo Fed ao longo dos últimos dias.

No Brasil, os ativos locais continuam reféns do cenário externo, mas ainda vejo sinais de uma performance relativa mais positiva dos ativos brasileiros se comparados a seus pares.

A taxa de desemprego de julho apresentou uma nova alta, confirmando um mercado de trabalho ainda bastante frágil. Acredito que o processo de ajuste do emprego será lento e prolongado, o que de deverá ajudar no combate à inflação ao longo do tempo.


Em relação a alocação a risco, mantenho uma visão construtiva para a curva longa de juros no Brasil, mas entendo que o cenário externo possa dar um tom mais volátil no curto-prazo. Estruturalmente, a postura do governo será fundamental no pos impeachment. Caso o apoio do congresso as medidas de ajuste fiscal se mostre fragilizada, a visão mais positiva deverá ser revista. O mesmo vale para a posição vendida em inflação implícita na parte intermediária da curva. A despeito de acreditar que esta classe de ativos acaba sendo mais defendida, devido a postura mais dura e ortodoxa do novo BCB, entendo que há um componente fiscal relevante na posição. Finalmente, mantenho um nível de hedge mais elevado no âmbito externo, devido aos novos sinais de fragilidade da China e postura mais hawkish do Fed. Ainda vejo espaço para um movimento de ajuste altista no dólar no mundo, o que está embaçando minha visão em relação ao BRL no curto-prazo, e nos atuais níveis.

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