Brasil: Notícias ainda desanimadoras.

Os ativos de risco continuam em sua trajetória de consolidação, a espera da conferência de Jackson Hole, com inicio agendado para amanhã (voltaremos a este tema ao longo do dia de hoje). Antes disso, teremos uma agenda bastante importante hoje, com Jobless Claims e Durable Goods Orders, que serão determinantes para permear o debate de política monetária nos EUA, assim como sinalizar de forma mais clara como se encontra o crescimento do país no curto-prazo.

Europa – Hoje pela manhã, recebemos informações de que alguns indicadores de confiança apresentaram queda na região, apontando para alguma desaceleração do crescimento. Na Alemanha, o IFO recuou de 108,3 para 106,2, abaixo das expectativas de 106,5 pontos em agosto. Na França, o INSEE business climate caiu 1pt, para 101 no mesmo mês.

O cenário para a economia da Europa continua relativamente estável. Estes são os primeiros sinais mais concretos de desaceleração, que precisam ser acompanhados de perto. Por ora, permanece um cenário de baixo crescimento, com flutuações em torno da tendência. O maior risco, na minha opinião, é mais uma rodada de desaceleração da economia da Europa (e de todo o mundo).

Brasil – Os jornais de hoje continuam chamando a atenção para a grande divergência existente entre o governo e sua base aliada. A aprovação das reformas propostas pelo governo interino tem sido mais difícil e trabalhosa do que o imaginado anteriormente.
O Congresso conseguiu aprovar a extensão da DRU ontem, mas foi obrigado a abrir mão do reajuste ao defensores públicos. O Congresso virou um grande balcão de negócios, e este governo precisa trabalhar duro para evitar que a reforma fiscal seja totalmente desidratada ao longo do tempo.

Outros artigos, complementando matérias ao longo do começo da semana, já afirmam que o governo interino irá aceitar a flexibilização da PEC do Teto dos Gastos afim de conseguir promover sua aprovação.

Já Valdo Cruz, da Folha, afirma que os empresários estão pedido que o governo “segure” o dólar acima de 3,20.

No campo inflacionário, o IPCA-15 de agosto ficou dentro das expectativas do mercado. A inflação continua desconfortavelmente elevada, com sinais que sua tendência de arrefecimento deve continuar, mas talvez de maneira mais lenta do que o imaginado.

Comentários - Continuo vendo espaço para consolidação dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Contudo, para uma inversão completa de tendência, acredito que o cenário econômico global precisará ser totalmente alterado, ou com sinais mais claros de desaceleração do mundo, ou com risco de que o processo de alta de juros pelo Fed seja retomado, não apenas com mais uma única alta até o final deste ano, mas com sinais de que o processo possa levar as taxas de juros para níveis não precificados atualmente pelo mercado americano de juros. Para isso, acredito que os números de inflação precisarão mostrar uma aceleração mais clara e consistente.

No Brasil, a demora na aprovação das medidas de ajuste fiscal, em conjunto com uma inflação corrente mais elevada, podem adiar ainda mais o inicio do ciclo de corte da taxa Selic. Nosso cenário base é para um corte no Copom de novembro/dezembro, com riscos elevados de ser em uma data posterior a esta.

No tocante ao campo político, continuo otimista com a aprovação das reformas. Entendo que o processo de negociação faça parte do jogo político e democrático, mas é inegável que processo esteja sendo mais lento e complicado do que o imaginado anteriormente. Caso o impeachment seja aprovado, e as reformas continuem a “passos de cágado”, minha visão otimista poderá ser revista de forma rápida, acentuada e abrupta.

Em termos de portfólio, continuo evitando a parte curta da curva de juros nominais, preferindo exposição a parte longa da curva. Gosto de vender as inflações implícitas na barriga da curva, por acreditar em um BCB ortodoxo e comprometido com a meta de inflação. Acredito que o momento seja de uma utilização moderada a risco, com espaço para aumentos de posições enquanto a consolidação do mercado continuar. Gosto de posições compradas em BRL via estruturas de opções, contra a venda de AUD, além de alguns hegdes vendidos no mercado de renda variável global.

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