Inflação na China e Reformas no Brasil.

A noite foi relativamente tranquila para os ativos de risco, sem movimentos relevantes até o momento. Na agenda, destaque para as vendas no varejo do Brasil e para o Unit Labor Cost nos EUA.
O destaque ficou por conta dos números de inflação de julho na China. O CPI desacelerou de 1,9% YoY para 1,8% YoY, com o PPI acelerando de -2,6% YoY para -1,7% YoY. A inflação de alimentos ajudou a dar um alívio ao CPI, enquanto o efeito base continua favorecendo uma alta gradual do PPI. Os números de hoje não alteram o cenário para o país. Existe espaço para novas medidas de estímulos monetários, mas não parece haver disposição, pelo menos no curto-prazo, para que estas sejam adotadas. Além disso, existe uma impressão cada vez mais clara de que os instrumentos tradicionais de política monetária estejam ficando menos potentes no país, com custos cada vez maiores. Não podemos descartar medidas de estímulo, especialmente na eventualidade de uma nova rodada de desaceleração da economia, mas espero que os policy makers adotem uma postura mais reativa do que proativa neste estágio do ciclo econômico.
No Brasil, a equipe econômica, claramente incomodada com a interpretação da mídia e do mercado no tocante as últimas negociações junto aos Estados e Municípios, resolveu voltar a “falar grosso”, ou seja, através de entrevistas em diversos meios de comunicação, Meirelles e Cia. deram declarações em que reforçam o comprometimento com o ajuste fiscal e, especialmente, colocam grande parte de suas fichas na PEC do Teto de Gastos. A equipe econômica está tentando provar para a sociedade e o mercado financeiros que não houve e não haverá afrouxamento do limite de gastos para Estados e Municípios.
Sem entrar no mérito dos detalhes das medidas, este tipo de postura mostra a preocupação do governo com o ajuste fiscal e, principalmente, com a reação do mercado. Este é um tipo de comprometimento até pouco inimaginável no governo que foi liderado por Dilma. Entendo que negociações fazem parte do jogo democrático e do ambiente político. Acredito que nenhuma reforma será executada exatamente como querem economistas ortodoxos, o mercado financeiro ou até mesmo a sociedade. Contudo, acredito que avanços importantes devem ser conquistados, especialmente após o impeachment aprovado em definitivo. O processo será longo, tortuoso e permeado de debates e negociações.

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