Yellow flags.
A segunda-feira foi típica do verão no hemisfério norte, com
pouco volume e baixa volatilidade. A agenda econômica foi relativamente
esvaziada. Exceto por alguma acomodação no mercado de renda variável ao redor
do mundo, o dia foi de manutenção de algum otimismo com relação as commodities e ativos emergentes.
O cenário base continua a ser de baixo crescimento, com
flutuações em torno da tendência, mas sem riscos aparentes de uma recessão
global. Este ambiente tem sido visto pelo mercado como positivo para ativos que
apresentem yield/carry elevados, e/ou
fundamentos que justifiquem este tipo de alocação.
Todavia, nos últimos dias, observamos alguns sinais que
mereciam, no mínimo, alguma atenção por parte dos investidores mas que foram,
por ora, totalmente ignorados.
Primeiro, o mercado de trabalho norte americano parece cada vez
mais próximo do “full employment”, em
um ambiente de baixo crescimento. Este cenário enseja uma baixa produtividade,
com reverberações negativas para a economia e os mercados financeiros globais.
Segundo, as importações da China
voltaram a apontar para um cenário de crescimento frágil. Como comentei pela
manhã, os números de hoje confirmam um quadro de fraqueza na demanda
interna e externa do país. Não há sinais consistentes de estabilização da
economia, e o governo parece incapaz de adotar medidas que tenham o poder de
reverter à situação. Vale lembrar que, nos últimos meses, uma série de medidas,
pontuais e localizadas, foram tomadas com o intuito de estabilizar o
crescimento do país. Até o atual momento, contudo, as medidas parecem ter sido
inócuas. A China continua sendo um grande risco para a economia mundial.
Entendo a dinâmica de curto-prazo dos mercados como uma
busca por alocação a risco, em um ambiente de baixa volatilidade e necessidade
de retornos positivos em prazos mais curtos. Contudo, vejo como insustentável
estes movimentos caso a economia chinesa continue desacelerando, em um ambiente
de baixa produtividade nos EUA.
Neste cenário, continuo favorecendo o mercado local de
juros como principal play de yield/carry, favorecendo a parte
intermediária das curvas nominais e reais. Continuo avesso a ativos mais
dependentes de crescimento e valor, especialmente nos atuais níveis de preço.
O dia foi de acomodação dos ativos Brasileiros, e alguma
under performance em relação a seus
pares. O ruído em torno da delação premiada da Odebrecht, que poderia colocar o
governo Temer novamente no “olho das investigações” parece ter sido o motivo
principal deste movimento.
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