Update
Os ativos de risco estão abrindo a semana com o dólar mais forte ao redor do mundo, em especial contras as moedas de G10. As commodities operam próximas a estabilidade, a exceção do Petróleo, que continua sua trajetória de queda, já abaixo de US$40 no WTI. A agenda do dia será esvaziada no Brasil e nos EUA, com destaque apenas para o Labor Market Condition Index nos EUA, um indicador de emprego compilado pelo Fed que traz um panorama dos principais indicadores do mercado de trabalho no país.
Na Alemanha, a produção industrial de outubro apresentou alta de 0,2% MoM, muito abaixo das expectativas de 0,8% MoM.
Os ativos de risco tiveram uma reação mista aos dados de emprego nos EUA, o que mostra ainda um certo ajuste de posições por parte do mercado, especialmente após a reunião do ECB na Europa. Eu não vejo motivos para alterar a visão que vem sendo descrita neste fórum nos últimos meses, mas entendo que a posição técnica do mercado esteja impedindo, no curto-prazo, a continuidade de algumas tendências que ainda vejo como predominantes nos próximos meses, tais como, fortalecimento do dólar, pressão nos ativos emergentes e nas commodities, por exemplo.
Eu continuo vendo o patamar de 3,75 no BRL como uma boa oportunidade de estar comprado em dólar. Contudo, acho prudente reverter às posições direcionais (futuros) para estratégias de opções com perdas limitadas. Para balancear o portfólio, acho válido considerar calls deep-out-of-the-money no Ibovespa (ou em ativos como a Petro) para o primeiro trimestre do ano que vem. Em uma eventual mudança de governo, vejo espaço para uma reprecificação gigantesca na bolsa local, liderada pela melhora de expectativas, e por um mercado totalmente desalocado em Brasil. Finalmente, acho válido manter a estratégia de aplicar a parte curta da curva de juros toda vez que a precificação de altas superar os 150bps nas próximas 3 reuniões do Copom. Ainda vejo um carrego positivo nas NTNBs mais curtas.
O cenário base ainda é extremamente negativo para a economia Brasileira e o cenário externo ainda me parece favorecer um dólar forte no mundo. Por isso, ainda vejo uma tendência de depreciação do BRL. Contudo, a partir de agora, precisamos trabalhar com um cenário, mesmo de probabilidade baixa, de uma mudança de governo, o que poderia trazer uma mudança substancial de percepção em relação ao país.
O final de semana foi de poucas novidades concretas, até o momento, para o ambiente político local. A mídia continua digerindo o processo de impeachment. Por hora, pela contagem de consultores políticos, da mídia e do próprio Planalto, o governo ainda detém ampla maioria para evitar o afastamento de Dilma. Contudo, os exemplos passados mostram que situação pode mudar no decorrer do tempo, especialmente diante do clamor da sociedade. Assim, as manifestações populares ganham importância redobrada. A primeira delas, agendada para o dia 13 deste mês.
A estratégia do governo está sendo de tentar acelerar o processo, para evitar um desgaste ainda maior do clima político, principalmente pelos canais econômicos e pela Operação Lava-Jato.
Na sexta-feira, o Ministro Eliseu Padilha, importante figura do PMDB, parece ter pedido demissão do cargo. A demissão seria uma demonstração de que o PMDB prepara uma debandada do governo, fortalecendo o Vice Presidente Michel Temer e favorecendo o Impeachment. Contudo, o PMDB ainda se mostra um partido dividido, sem coesão e com vários caciques. Então, por hora, parece cedo afirmar que um total desembarque será observado nos próximos dias.
O PT está mobilizando sua base e os movimentos sociais em busca de apoio. O processo de impeachment, assim, promete ser incerto e conturbado. Por hora, o cenário central continua sendo de manutenção do atual “status quo”, mas a situação pode mudar rapidamente a qualquer momento.
No cenário externo, o destaque fica por conta de mais uma onda de ataques terroristas no Ocidente. Os ataques nos EUA no final da semana passada já estão sendo tratados como “atos de terrorismo”. Neste final de semana, em Londres, algumas pessoas foram esfaqueadas em uma estação de metro, com os executores entoando gritos em favor da Síria. Acredito que o ambiente geopolítico mundial continuará complexo nos próximos meses. O Ocidente precisará lidar com uma nova ameaça, desta vez em seus territórios, e de difícil combate. Eu diria que estamos diante de uma guerra, mas diferente daquelas que estávamos acostumados.
As vésperas da decisão do ECB, na Europa, a posição comprada em dólar do mercado mostrava uma nova rodada de aumento de posições (especialmente vendidas em EUR). Acredito que este quadro tenha se alterado na quinta-feira e sexta-feira da semana passada, melhorando um quadro técnico que se mostrava extremamente favorável a queda do EUR e a alta do USD ao redor do mundo.
Ainda na sexta-feira, em uma clara reação a alta de 3% do EUR após o ECB, Draghi buscou esclarecer ao mercado que decisão do Comitê foi sim uma medida adicional e relevante de expansão monetária. Segundo ele: To help you appreciate the import of the overall recalibration of our asset purchase programme, you should consider that the extension of our net purchases to at least March 2017 and the decision to re-invest the principal payments on maturing securities for as long as necessary will add EUR 680 billion – some 6.5% of the euro area GDP – in liquidity to the system by 2019, relative to the situation that would have prevailed under previous policies. This will strengthen our forward guidance on interest rates and ensure that liquidity will remain very supportive in the long term.
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