Ajuste de Posições.
Que dia! Se me permitirem resumir esta quinta-feira, eu diria que
foi um dia especialmente técnico, marcado por movimentos globais mas,
principalmente locais, de ajuste de posições, o famoso “stop”. Todas as posições consensuais de mercado foram dizimadas,
leia-se: Short EUR, Long European Equities, Short Oil, Short BRL, Short
Ibovespa, dentre outras.
No cenário externo, o ECB acabou não confirmando as expectativas
do mercado na magnitude das medidas de estímulo monetário. Em um cenário em que
as posições Short EUR estavam nos maiores níveis dos últimos tempos, a decisão
acabou levando a uma forte alta da moeda europeia, ajudando um movimento global
de abertura de taxa de juros e colocando pressão nas bolsas da Europa e dos
EUA.
Eu acredito que o diferencial de política monetária entre os EUA
e o resto do mundo continuará a ficar cada vez mais evidente. Entendo que o
cenário para a queda do EUR tenha perdido momento, e talvez precise de algum
tempo para que as posições se ajustem. Contudo, sem mudanças de cenário, novas
rodadas de alta do EUR devem ser vistas como oportunidade de venda. Olharia o
patamar acima de 1,10 para começar a implementar esta estratégia, mantendo
munição até um eventual squeeze até
os 1,15.
Exceto por dados de emprego extremamente fracos nos EUA amanhã, os
bonds dos países desenvolvidos me
parecem ter ficado mal posicionados, ou seja, novas aberturas de taxa podem
ocorrer, afetando a dinâmica para os ativos emergentes, que já apresentaram
sinais de fragilidade hoje (ex-Brasil).
O Brasil está em uma
agenda diferente, com o cenário político ditando a dinâmica de curto-prazo. A
simples possibilidade do impeachment levou a uma forte reprecificação do BRL e
do Ibovespa. Vejo este movimento como normal, mas em muito ajudado por um
mercado extremamente negativo com relação ao Brasil. O processo de impeachment
irá demorar e ninguém sabe ao certo qual será o seu desfecho. Assim, podemos
esperar novas rodadas de volatilidade e incerteza para os ativos brasileiros.
Ainda não vejo um cenário totalmente claro de recuperação, mas
acho válido buscar posições assimétricas que venham a defender os portfólios
caso o impeachment avance.
A Ata do Copom reforçou a mensagem do comunicado após a decisão,
ou seja, tudo indica que o BCB está pronto para retomar um ciclo de alta de
juros com o intuito de conter a escalada da inflação. Acredito que o BCB irá
promover, no máximo, um ciclo de de 150bps. Assim, momentos de abertura de
taxas na parte curta da curva devem ser utilizadas como oportunidades de se
montar posições aplicadas nesta parte da curva. Com uma inflação de curto-prazo
elevada, carregar NTNBs curtas também me parece fazer sentido. A produção
industrial apresentou queda de 0,7% MoM em outubro, acumulando uma queda de 11,2%
em relação ao mesmo período do ano passado.A atividade econômica não dá nenhum
sinal de alento no Brasil.
Nos EUA, o Jobless
Claims se manteve em patamar historicamente baixo. O ISM Non-manufacturing caiu
de 59,1 para 55,9 pontos, abaixo das expectativas de 58,0, mas ainda em patamar
historicamente elevado. A economia norte americana parece estar passando por um
“soft-patch”. Ao que me parece, apenas uma hecatombe nos dados de emprego de
amanhã, ou nos mercados financeiros globais até o Fed, irá alterar as
expectativas de alta de juros. A postura de Yellen e Cia, contudo, deverá ser
de extremo gradualismo durante este processo.
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