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Brasil – Os ativos locais reagiram de maneira clássica a mudança do Ministro da Fazenda, leia-se, com abertura de taxa de juros e “bear steepening” da curva, alta do dólar e queda da bolsa. O novo Ministro da Fazenda realizou uma coletiva junto aos investidores para reforçar a mensagem de continuidade da política econômica. Contudo, devido a seus laços históricos com o que ficou conhecido como “nova matriz econômica”, o Ministro está encontrando um enorme ceticismo por parte do mercado em acreditar que não haverá mudanças relevantes na política econômica, cujo foco principal ainda deve ser sobre o ajuste fiscal.

Acredito que o ceticismo por parte do mercado continuará, até que medidas concretas sejam adotadas. Acredito que novas propostas de ajuste precisam ser, não apenas sinalizadas ao mercado, mas de fato concretizadas. Alguma vitória no Congresso, como uma eventual CPMF, também poderia ser vista como a confirmação de que as palavras do novo Ministro sejam de fato o que será executado pelo governo. Por hora, ainda não há sinais de que o Congresso possa apoiar o governo neste tipo de empreitada. As expectativas ainda são de que o ajuste fiscal deverá sofrer enormes obstáculos de implementação, em um ambiente político hostil e com um cenário econômico desalentador.

A conta corrente de novembro apresentou um déficit inferior as expectativas ($2,9bi vs $4,2b). O IED ficou dentro das expectativas, em um mês de forte fluxo para a conta portfólio, especialmente no tocante aos papéis de renda fixa. Diante do cenário local, e com um estoque relevante de investimentos estrangeiros nesta classe de ativos, é natural esperar uma deterioração desta rubrica no mês de dezembro (conta capital – Portfólio).

De acordo com a posição técnica apresentada pela BMF, por análises quantitativas dos fundos locais, e por evidências anedóticas do setor corporativo, o mercado já não apresenta posições excessivas compradas em USDBRL e o setor corporativo me parece “under hedges” neste ativo. Assim, não podemos descartar novas pressões altistas no câmbio, com a busca por hedges por parte dos investidores, especialmente os estrangeiros e o setor corporativo.

Externo – A narrativa dos mercados externos continuou a mesma. O Petróleo manteve tendência de baixa, mas em um dia de recuperação das demais commodities, especialmente o complexo metálico. A despeito da pressão nas bolsas da Europa, os mercados nos EUA apresentam leve alta, neste momento. O mercado de US HY Bonds ainda inspira cautela, com sinais ainda de fragilidade.

O destaque ficou por conta das inconclusivas eleições na Espanha. Os ativos do país tiveram um dia de pressão, com queda da bolsa e dos bonds espanhóis. A piora do humor acabou afetando as demais bolsas da região. As eleições no país mostram que ainda existem riscos políticos não desprezíveis emanando na região, mas que devem se mostrar pontuais e localizados.


Na China, o país emitiu sinais de que pretende manter suas políticas monetária e fiscal visando dar suporte ao crescimento do país nos próximos anos. As declarações estão em linha com o que já vinha sendo ventilado. Não tivemos detalhes em torno de metas de crescimento e medidas específicas que serão adotadas nos próximos anos.

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