pós FOMC.
Após uma primeira reação tranquila a decisão do FOMC ontem, os
ativos de risco tiveram uma quinta-feira mais negativa. Na minha visão, a
decisão do Fed foi neutra, mas os desenvolvimentos recentes no preço do petróleo e seu impacto nos US HY Bonds e, consequentemente, nas
bolsas norte americanas, voltaram a dar o tom dos ativos de risco. A tendência
de depreciação do CNY também ajuda a
colocar incerteza no cenário.
O Brasil,
inexplicavelmente, teve um dia de boa performance de seus ativos, a despeito do
news flow negativo. A única
explicação que eu vejo para o movimento de hoje é técnica. O mercado pode ter
“vendido” Brasil excessivamente após o downgrade
de ontem, ficando tecnicamente exposto. Na ausência de um movimento mais claro
de deterioração de preços, os investidores de curto-prazo (fast money) foram forçados a zerar, ou reduzir exposição, colocando
pressão altistas nos preços. Eu vejo um
cenário cada vez mais binário para o país.
A evolução do julgamento do STF em torno do rito do impeachment parece
estar, até o momento, favorecendo o governo. As sinalizações apontam para o
apoio ao voto aberto e para que o Senado tenha a palavra final sobre o tema.
Ainda não há decisão formal decidida.
Após forte fechamento de taxa hoje, a curva local de juros
precifica altas em torno de 60bps+50bps+50bps+50bps+30bps nas próximas reuniões
do Copom, com um ciclo total de cerca de 300bps de alta. Eu vejo um ciclo em
torno de 150bps a 200bps necessário para conter a escalada das expectativas de
inflação. Assim, aparentemente, há prêmio de risco na curva. Contudo, diante
dos riscos políticos e econômicos que estamos observando, acredito que qualquer
posição terá que ser tática e pequena, devido aos “riscos de cauda”crescente no
cenário.
Exceto por uma mudança político drástica, eu vejo a necessidade
de novas rodadas de depreciação cambial. Nossos modelos de curto-prazo apontam
para níveis superiores a 4,00 para a moeda local.
No que diz respeito ao cenário econômico, segundo nossa área
econômica, a despeito da surpresa para
melhor, a taxa de desemprego dessazonalizada subiu para 8,3% (de 8%), levando a
média móvel trimestral para 7,9%. Houve variação mensal positiva da população
ocupada, mas também houve alguma queda na PEA. A PEA tem observado queda de
0,9%a/a, contribuindo para uma elevação mais tímida da taxa de desemprego. O
rendimento médio veio bem fraco, com a queda a/a incrementando para -8,8% e o
rendimento nominal médio subindo apenas 1,3%a/a (a PNAD contínua mostra um
quadro melhor no rendimento). A massa salarial real despenca -12,2%a/a.
Nos EUA, o Jobless
Claims saiu de 282k para 271k na última semana, mostrando um quadro de
manutenção de um mercado de trabalho robusto.
Na Alemanha, o IFO –
um dos principais indicadores de confiança do país – caiu apenas marginalmente,
de 109, para 108,7 em dezembro. O número é consistente com um cenário de
crescimento em torno de 2% para o país.
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