Depreciação do CNY continua.

O destaque da noite ficou por conta de mais uma rodada de depreciação da moeda da China (CNY). Os ativos de risco estão abrindo próximos a estabilidade, mas os sinais de fragilidade, na minha visão, ainda são evidentes. Enquanto não tivermos uma sinalização clara de estabilização da moeda da China, ou do que pretende o governo chinês com a nova rodada de depreciação coordenada da moeda, as vésperas da primeira alta de juros nos EUA em cerca de uma década, e em meio a problemas políticos e estruturais em alguns países emergentes, é razoável manter cautela em torno dos ativos de risco.
 
Na agenda do dia, o destaque ficará por conta das vendas no varejo nos EUA. O mercado espera uma alta em torno de 0,3%-0,4% MoM no mês de novembro, mas alguns analistas que elaboram trakings robustos apontam para um mês de solidez no consumo americano.
 
Brasil – No final da tarde de ontem, em reunião do CMO do Congresso, Joaquim Levy afirmou que não fará mais sentido continuar Ministro da Fazenda se a meta de superávit fiscal de 2016 for alterada de 0,7% para 0%. As declarações do Ministro, na minha visão, fazem parte de uma pressão natural de sua posição frente a um Congresso paralisado e disperso, em meio a uma crise política aguda. Parece cada vez mais claro que existe atualmente um embate dentro do governo, entre o Planejamento e a ala mais a esquerda de Dilma em busca de maior flexibilização fiscal, em busca de apoio popular e menor pressão sobre o crescimento do país. Por outro lado, uma Fazenda ainda comprometida com um plano de longo-prazo de ajuste econômico através de medidas ortodoxas. Por hora, Dilma tem demonstrado total apoio a Fazenda. Contudo, com a deterioração da economia e do clima político, a situação só deverá se tornar mais complicada a cada novo dia.
 
O exemplo recente na África do Sul, que trocou seu Ministro da Fazenda ortodoxo, por um nome menos conhecido do mercado, pode ser visto como um “wake-up call” para o governo brasileiro. Na África, após o anuncio, a moeda local (ZAR) apresentou rápida e acentuada depreciação, atingindo seus lows históricos contra o USD e comprometendo os demais ativos do país. Levy continua sendo hoje, mesmo que enfraquecido, o principal fiador do pouco ajuste econômico que o país está implementando. Sua permanência ainda dá esperanças de que uma guinada a esquerda não irá ocorrer. Assim, uma possível saída sua do governo será vista como extremamente negativa pelos investidores, locais e externos.

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