Brasil: "No news is bad news..."

Os ativo de risco estão retornando do feriado prolongado sem grandes movimentações. Destaque apenas para um leve movimento de dólar forte no mundo e mais uma rodada de pressão sobre o preço das commodities, após uma pequena recuperação na semana passada. Na China, as bolsas locais apresentaram quedas substanciais, com o A-Shares caindo cerca de 2,5%. O CNY iniciou a semana em leve desvalorização contra o dólar americano.

A iliquidez deste final de ano, na ausência de uma agenda econômica relevante, deixará os ativos de risco a mercê de fluxos pontuais, o que pode vir a acelerar e acentuar os movimentos de curto-prazo criando, até mesmo, distorções pontuais e localizadas em alguns ativos ao redor do mundo.

A agenda nos EUA será esvaziada este começo de semana. No Brasil, o destaque ficará por conta do resultado primário do governo central em novembro. Esperamos um déficit em torno de R$20bi, contra expectativas em torno de um déficit de R$13bi.

Como era de se esperar nesta época do ano, o feriado prolongado foi relativamente esvaziado de notícias substanciais. De mais importante, na minha visão, apenas o esforço contábil que o governo está promovendo para pagar, ainda este ano, as pedaladas fiscais dos anos anteriores, em especial de 2014. Até o momento, já foi anunciado um resgate em torno de R$850mm do Fundo Soberano do país e um dividendos extraordinário do BNDES, em torno de R$5bi. O Banco era contra a transferência, devido a necessidade de adequação de sua liquidez e de seus parâmetros de risco, especialmente devido a sua exposição à Petrobrás. Contudo, como o Tesouro é o único acionista da instituição, o dividendo acabou sendo acatado. As medidas que estão sendo anunciadas, na calada do final do ano, afim de promover o ajuste das “pedaladas” são mais um indício de como andam as contas públicas do país.

Fora isso, me incomoda sobremaneira o que vem sendo ventilado na mídia em relação a política econômica do país, sem que haja, por hora, qualquer desmentido por parte do Governo. Já foi ventilada a possibilidade de queda no preço local dos combustíveis, já há rumores de que a equipe econômica poderá discutir a mudança na meta de inflação, para níveis mais factíveis, entre outros rumores que rodam o país. O PT e a base governista continuam pressionando Dilma por medidas pro crescimento, entre outros.

Eu continuo acreditando que não haverá uma guinada brusca na economia, como o próprio governo sinalizou após a troca da equipe econômica. Contudo, acredito que pequenos e graduais ajustes devem ocorrer, minando cada vez mais a credibilidade (já abalada) do governo Dilma. Continuo bastante preocupado com a direção que o país possa estar tomando, assim como a velocidade com que as coisas estão sendo ventiladas na mídia.

Finalmente, a Operação Lava-Jato parece apenas em recesso de final de ano, mas com sinais evidentes de avanço, especialmente no entorno do ex-presidente Lula, de acordo com a mídia. Não podemos descartar novas prisões de importantes figuras políticas no começo de 2016, torno o cenário político ainda mais desafiador.

Por hora, o processo de impeachment parece ter perdido momento. Contudo, com a situação fluida e as investigações do MPF e da PF avançando a passos largos, tudo pode mudar em questão de dias.

Na minha visão, poderemos passar por mais uma rodada de reprecificação (negativa) dos ativos locais, até que o governo tome medidas concretas e efetivas que ajudem a retomar a confiança da economia, da população, dos empresários e do mercado financeiro. Caso o impeachment volte a pauta como uma possibilidade real e concreta, existe espaço para uma recuperação dos ativos locais. Caso contrário, a cenário central ainda é de uma piora longa e gradual da economia e dos ativos brasileiros.

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