Ritmo de férias...

Os ativos de risco parecem já estar em ritmo de férias. A liquidez mostra-se reduzida, com movimentos bruscos, e sem correlações específicas ao longo do dia. A terça-feira foi de alta nas bolsas dos EUA, concentrada no período da tarde. O petróleo operou em alta, com o preço do WTI superando o do Brent pela primeira vez em muitos meses. As commodities metálicas, contudo, tiveram um dia de queda. O dólar operou em queda contra G10, porém mais firme contra EM.

Estou com poucas convicções em relação aos mercados externos neste ambiente. Os dados de curto-prazo nos EUA, com uma agenda cheia amanhã, serão determinantes para o cenário de política monetária no país. O mercado precifica apenas 2 altas de 25bps na curva local de juros. Caso os números mostrem uma economia saudável, e uma inflação ascendente, existe o risco de mais uma rodada de reprecificação da curva, o que teria efeitos não desprezíveis sobre os demais ativos ao redor do mundo.

O Brasil teve um dia de acomodação/consolidação, com queda do dólar, fechamento de taxa de juros e alta na bolsa. O CDS manteve-se elevado e a curva de juros apresentou mais um movimento de steepening, mostrando que ainda existe uma fragilidade pairando sobre o país.

Continuo negativo com relação ao cenário econômico e político local. Acredito que poderemos observar fluxos graduais, porém consistentes, de desinvestimento (outflows) em ativos do país. Acho relevante o número de cerca de R$500bi de estoque de ativos de renda fixa, ou quase 20% da dívida local, detida por investidores estrangeiros. Por hora, ainda há sinais de uma demanda estável por estes instrumentos. Contudo, na ausência de perspectivas melhores para o país, não podemos descartar movimentos mais agressivos de saída destes ativos, o que pressionaria o câmbio e as taxas de juros.

Amanhã o BCB divulgará seu relatório de inflação. Segundo nossa área econômica, podemos esperar uma deterioração das expectativas para 2015 e 2016, mas não necessariamente para 2017. A mensagem deverá ser de necessidade de ajuste na política monetária (alta de juros), mas talvez a sinalização seja para um ciclo de alta relativamente modesto. De qualquer forma, no atual cenário, não gosto de posições aplicadas na curva nominal de juros. Acredito que para portfólios de longo-prazo, com objetivo de preservação de capital, faz sentido posições em NTNBs curtas, mas estou cético em ganhos de capital no curto-prazo.


Os dados de crédito de novembro não trouxeram grandes novidades ao cenário. O cenário central ainda é de taxas de juros e spreads em alta, aumento de inadimplência e queda nas concessões, a despeito de movimentos pontuais contrários a essas tendências.

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