Divergência de política monetária entre EUA e Europa.
A quarta-feira foi marcada pelo retorno de algumas tendências
que predominar no mercado ao longo de quase todo o ano, leia-se, fortalecimento
do dólar, pressão nas commodities, lideradas pelo petróleo, em um ambiente em
que as bolsas no mundo desenvolvido ficaram sem tendência definida. Ainda
acredito que essas tendências, em especial no dólar e nas commodities, devem
prevalecer ainda por algum tempo, pontuadas por momentos cíclicos de realização
de lucros e ajustes de posições. O quadro técnico nesses ativos inspira
cautela, especialmente as vésperas da reunião do BCE na Europa. Não vejo valor
nas bolsas do mundo desenvolvido, em especial nos EUA. Os ganhos, a partir de
agora, devem se concentrar em empresas e setores específicos.
A quinta-feira terá como destaque a decisão do BCE na Europa. O
mercado já espera o anuncio de medidas substanciais de estímulo monetário, e o
mercado me parece, em parte, posicionado para este cenário. Pegando o
comentário do Morgan Stanley sobre o tema, acredito que o mercado esteja
esperando as seguintes medidas:
The Eonia market and the EGB curve have discounted quite a bit of easing
into tomorrow’s ECB meeting. Roughly 14 bps of cuts to the deposit rate are
priced into the Eonia curve, while the broad based move lower in term premiums
suggests the market is expecting a sizeable expansion of asset purchases
(>€15bn per month). Given these lofty expectations, the market is
understandably worried that the ECB will underwhelm.
From a technical
standpoint, here is what I think would classify as a positive surprise:
1) ≥15bps
deposit rate cut
2)
≥€15bn
increase in monthly asset purchases
3)
Extension
of QE program to or beyond March 2017 (6 month extension)
4)
Commitment
to ease policy further if needed in the coming meetings
Brasil – Na ausência de dados econômicos, o foco
permaneceu no cenário político. Até o momento, houveram poucos avanços nas
questões que temos discutido nos últimos dias. A nova meta fiscal para 2015
ainda não foi aprovada. O Conselho de Ética só irá retomar a votação no que diz
respeito a Eduardo Cunha na semana que vem. Contudo, o PT já sinalizou que não
apoiará o Deputado, o que deve levar a continuidade do processo contra ele. Ao
que tudo indica, em represália, Cunha poderá dar andamento a um dos processos
de impeachment que estão em suas mãos.
Os ativos locais ainda parecem estar digerindo um cenário de
forte incerteza política, em meio a um ambiente de forte recessão. A bolsa
continua pressionada, a curva de juros vem apresentando fechamento de taxa e o
dólar operou próximo a estabilidade.
A curva de juros apresentou forte movimento de flattening desde a decisão do Copom. A
parte curta precifica hoje cerca de 60bps+55bps+50bps nas próximas reuniões do Copom,
com um ciclo total em torno superior a 200bps no preço. Acredito que o BC será
levado a elevar os juros, mas diante do quadro recessivo, o ciclo total de alta
deverá ser, no máximo, de 150bps. Ainda vemos riscos altistas para a inflação
de curto-prazo, o que torna posições em NTNBs curtas atrativas nos atuais
níveis.
EUA – O ADP Employment apresentou alta de 217k
em novembro, pouco acima das expectativas. O número confirma um quadro de
robustez do mercado de trabalho. O Unit Labor Cost do 3Q saiu de 1,4% para
1,8%, acima das expectativas de 1,0% Ambos os dados reforçam as expectativas do
início de um processo de alta de juros em dezembro no país. Yellen reafirmou
esta visão em discurso ao longo do dia de hoje.
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