Update

Os ativos de risco continuam girando sem tendências claras ou correlações evidentes. A terça-feira pode ser classificada como um dia de “risk-on”, com as bolsas e as commodities em alta ao redor do mundo, em um pano de fundo de dólar fraco contra as moedas EM, a despeito da pressão no EUR. Os juros norte americanos tiveram um dia de abertura de taxas. Continuo sem grandes convicções no mercado internacional. Acredito que o curto-prazo irá demandar posições mais táticas do que “alocativas”, até que o cenário econômico se torne mais claro.

Nos EUA, os dados econômicos continuam mostrando um crescimento ciclicamente mais fraco neste final de ano, mas ainda em patamar saudável. O Consumer Confidence subiu de 92,6 para 96,5 pontos em dezembro, acima das expectativas de 93,5 pontos. A abertura mostrou recuperação do indicador de mercado de trabalho, o que reforça as expectativas de um número robusto para o Payroll deste mês. O preço dos imóveis medidos pelo CaseShiller apresentou alta de 0,84% MoM em outubro, acima das expectativas do mercado (0,6% MoM), enquanto a balança comercial de novembro ficou dentro das expectativas, com déficit em torno de US$60,5bi. Os trackings para o PIB deste último trimestre do ano ainda estão bastante divergentes, girando entre 1% e 2%. Acredito que o próximo grande debate e, provavelmente o próximo grande trigger para os ativos de risco será o timing da segunda alta de juros nos país, assim como o ritmo do processo de normalização monetária. O mercado ainda embute “apenas” duas altas completas de 25bps em 2016, contra um cenário de cerca de 4 altas de 25bps desenhando pelos membros do Fed.

O Brasil ainda vive dinâmica própria com um fluxo de notícias, na minha visão, ainda bastante negativo. Os dados fiscais de novembro ficaram dentro das expectativas, o que já era esperado após a divulgação da arrecadação e dos dados do governo central. O número continua mostrando um cenário extremamente preocupante para as contas públicas nacionais. Na ausência de medidas concretas para frear a dinâmica de deterioração da economia (crescimento, inflação e fiscal) espero uma tendência prolongado de deterioração dos ativos brasileiros.

Segundo nossa área econômica,

>> O déficit primário alcançou 0,9% do PIB em novembro, no acumulado em 12 meses. Com o pagamento das pedaladas em dezembro, o déficit primário do setor público consolidado pode ficar entre -1,5% e -2% do PIB em 2015;


>> Embora bastante ruim, o resultado primário do setor público consolidado trouxe um bom desempenho dos governos regionais (estados e municípios), com superávit primário de R$2,352 bilhões. Isso é fruto de restrições que os Estados possuem para emitir dívida (dependem da chancela do Governo Federal), obrigando esses entes a segurar despesas na boca do caixa. Adicionalmente, o pagamento de juros pelos Estados e Municípios aumentou muito este ano (o IGP-DI, indexador da dívida, foi bastante elevado), de R$47,7 bi no acumulado até novembro de 2014 para R$88,3 bi no acumulado do ano em 2015, extraindo algum orçamento das despesas primárias. Está havendo atraso de pagamentos nos governos regionais (com funcionalismo público, por exemplo), o que pode significar que parte do bom desempenho das contas de Estados e Municípios pode virar notícia ruim para 2016. Até o momento, parece bem factível a entrega da meta dos governos regionais esse ano (de 0,1% do PIB), mas longe de compensar o enorme déficit primário do Governo Central.

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