China & EM em foco.
O cenário externo começa a se assemelhar, na minha visão, ao que
vivenciamos em agosto/setembro deste ano. Estamos diante de uma tendência,
ainda suave, de depreciação da moeda da China (CNY), em meio a um ambiente de
fragilidade da economia do país; a perspectiva do começo de alta de juros nos
EUA é cada vez maior, sem que a velocidade e a intensidade do ciclo de alta de
juros seja bem telegrafada pelo mercado. Assim, as taxas de juros norte
americanas permanecem mais elevadas, mesmo em um ambiente de aversão a risco;
começam a surgir problemas pontuais, mas relevantes, em alguns países
emergentes (mudança do Ministro da Fazenda na África do Sul, começo de um
processo de Impeachment no Brasil, e etc); e as commodities, capitaneadas pelo
petróleo, atingem novos pisos para este ciclo de queda de preços.
Este cenário é condizente com a continuidade do processo de
ajuste de preços e posições que estamos observando ao longo de todo este ano, e
se intensificou nos últimos dias (EM Assets, Commidities, USD e afins). Novas
rodadas de queda de preço das commodities e depreciação dos ativos emergentes
podem ser esperadas, com períodos pontuais de realização de lucros, que tendem
a ser acentuadas porém de curta duração. Este cenário só será revertido caso
melhorem as perspectivas de crescimento mundial (mas na China, em especial), ou
caso o ajuste de preços e posições chegue ao fim, o que ainda não me parece ser
o caso.
No Brasil, Tombini
confirmou a que já havia sido sinalizado da Ata do Copom, ou seja, uma alta de
juros, já na próxima reunião de política monetária deve ser o cenário central
do comitê. Para ele, não há dominância fiscal no país e o BCB não irá se furtar
em elevar a taxa de juros para conter os efeitos inflacionários.
O mercado reagiu de maneira clássica as declarações, mostrando
uma enorme fragilidade, e uma posição técnica ruim, do mercado local de juros,
especialmente na “barriga” da curva. A curva curta já precifica altas em torno
de 60bps+55bps+50bps+40bps nas próximas 4 reuniões do Copom, e um ciclo total
de alta de juros girando em torno de 250bps de alta de juros. Acredito que o
BCB irá promover um ajuste de juros, mas um ajuste que deveria se restringir a
cerca de 150bps de alta. Assim, acredito que começa a se criar valor para
posições táticas aplicadas na parte curta da curva local de juros prefixados.
O BRL reagiu negativamente ao cenário externo e a perspectiva de
perda do grau de investimento por mais uma agencia de classificação de risco.
Continuo acreditando que precisamos manter uma postura flexível,
mais ativa, e com um portfólio mais balanceado para enfrentar as incertezas dos
próximos meses no Brasil.
Nos EUA, o Jobless
Claims saiu de 269k para 282k, acima das expectativas de 270k. O número não
altera o cenário para a economia do país. O mercado de trabalho continua
robusto e o Fed deverá subir os juros na reunião do FOMC da semana que vem.
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