Meta fiscal no Brasil e Fed em foco.
Na expectativa da reunião do FOMC nos EUA, os ativos de risco
operam sem muita movimentação está manhã. As bolsas operam em leve alta, o
petróleo voltou a cair, a despeito de um desempenho mais positivo das demais
commodities. O dólar sobe contra EM, mas cai marginalmente contra G10. Os bonds
nos EUA operam estáveis neste momento.
Vale lembrar que, a despeito da aparente estabilização dos
ativos de risco nas últimas 36 horas, a moeda da China, o CNY, continua em
trajetória clara de depreciação vis-à-vis o dólar, o que tem sido visto como um
vetor desestabilizador para os ativos de risco, em especial, para os ativos dos
países emergentes.
Brasil – A mídia
hoje dá como certa a redução da meta fiscal de 2016 para uma meta mais
flexível, que será de 0,5% do PIB, mas com a possibilidade de abatimentos que levem-na
para patamar próximo a zero. Na prática, foi uma maneira de não divulgar uma
meta zero, mas atendendo uma demanda antiga do Ministro do Planejamento Nelson
Barbosa, e contrariando Joaquim Levy.
A mesma mídia afirma que Levy pretende deixar o cargo de
Ministro da Fazenda até o final de janeira, mas fará sua despedida de maneira
educada e o mais tranquila possível (se isso é possível).
Acredito que, independente do novo Ministro da Fazenda, caso
confirmada a saída de Levy, a tendência é de mais uma rodada de deterioração
dos ativos locais, em termos absolutos e relativo a seus pares. Espero um steepening da curva de juros, queda da
bolsa e depreciação do BRL. A perda do grau de investimento por outra agencia
de classificação de risco deve ocorrer mais cedo do que tarde. Não podemos
descartar o Brasil ficar não apenas um, mas alguns notches abaixo do grau de investimento.
EUA – Já é amplamente
esperado que o Fed irá elevar as taxas de juros em 25bps hoje, após quase uma
década de juros zero e sem promover altas de juros. A alta em si já foi muito
bem telegrafada e está praticamente precificada nos mercados financeiros
globais. A grande questão é como os demais parâmetros da reunião irá ser colocados
aos mercados.
Na minha visão, já há um consenso que a comunicação de Yellen
em sua entrevista coletiva após a decisão será de reafirmar o gradualismo na
condução deste processo de alta de juros. O mercado precifica cerca de 2 altas
de 25bps ao longo de 2016 e o mesmo ritmo de alta de juros em 2017. O Fed ainda
espera cerca de 4 altas de 25bps nos próximos 2 anos.
A grande discussão do mercado hoje, e que me parece a
principal divergência que pode vir a trazer volatilidade aos ativo de risco, é
como o Fed irá alterar (ou não alterar) suas expectativas de juros, os famosos dots, para os próximos dois anos. A
visão simplista é que mover os dots
para baixo será visto como um “dovish
hike”. A manutenção dos dots nos
atuais níveis poder ser classificado como um “hawkish hike”.
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