Sinais construtivos para o crescimento global. "Reflation back in town!"

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira com viés positivo. Destaque para o bom desempenho das commodities e dos ativos emergentes, após a divulgação de um PMI Manufacturing positivo na China.

Segundo a Morgan Stanley, China's November official PMI pointing to continued strength in cyclical growth: The official PMI rose further to a two-year high of 51.7 in November, beating market expectations (vs. 51.2 in October; market consensus: 51.0; MS estimate: 51.2). Breakdown data suggests broad-based improvement in both domestic and external demand, evident in better readings in both new order (53.2 in November vs. 52.8 in October) and new exports order sub-indices (50.3 in November vs. 49.2 in October). The continued improvement in production sub-index (53.9 in November vs. 53.3 in October) also reflects better industrial activity growth. In line with growth strength, the employment sub-index picked up for the fifth consecutive month, albeit still below 50.

 

Os números recentes de atividade econômica ao redor do mundo confirmam um cenário de leve aceleração da economia global no terceiro trimestre do ano e início do quarto trimestre de 2016. Assim, confirma-se um ambiente de um pouco mais de crescimento, perspectivas de um pouco mais de inflação (no mundo desenvolvido) e, provavelmente, uma política monetária que demanda ajustes, pontuais e localizados, em termos de instrumentos e magnitudes, como a continuidade do processo de alta de juros nos EUA, mas com uma postura ainda expansionista em regiões como a Europa.

 

Na minha visão, este cenário deverá continuar a favorecer movimentos de “reflation” nos mercados financeiros globais. Ajustado para a boa sazonalidade dos ativos de risco no final do ano, e uma posição técnica relativamente saudável, poderemos ter um bom desempenho, no geral, dos ativos de risco (commodities em alta, desempenho saudável dos ativos de EM, bolsas bem suportadas, abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido e etc). No curto-prazo, o risco fica por conta do Referendo na Itália e para uma nova rodada de abertura de taxas de juros, rápida e acentuada, nos EUA.

 

No Brasil, o Copom abaixou a taxa de juros em 25bps, como era amplamente esperado. O comunicado manteve a janela aberta para uma aceleração do corte de juros na próxima reunião. Eu faço as palavras da nossa área econômica as minhas: O Copom reduziu a Selic em -25bps como esperado, mas flexibilizou na margem ao atenuar o foco na inflação de serviços e passou a dar maior peso para a atividade econômica na margem. As projeções de inflação do cenário de referência pioraram para 2017 (de 4,3% para 4,4% - efeito câmbio), mas melhoraram para 2018 (de 3,9% para 3,6%). No cenário de mercado, as projeções melhoraram para 2017 (de 4,9% para 4,7%) e 2018 (de 4,7% para 4,6%); Condicionou a aceleração para -50bps à melhora das projeções de inflação, às expectativas e colocou peso na atividade (se frustrar acelera) – nosso cenário-base é de frustração na atividade. No entanto, esse aceleração depende também de um cenário externo adequado; Ele deixou a porta aberta para a elevação de -50bps, mas se colocar o pé de fato na aceleração. De acordo com isso, o nosso cenário é de aceleração para -50bps na próxima reunião, mas sem ser um cenário prediletíssimo (tem uma probabilidade majoritária, mas por apenas pouco), pois o cenário externo ainda é ainda bastante incerto e porque nós podemos estar errados na nossa projeção de PIB.

Acredito que a curva de juros deverá fazer um movimento de “bear flattening” na abertura do dia, mas poderá voltar a operar em tom positivo, ou “bull flattening” a medida que ficar evidente a necessidade e o espaço para juros mais baixos no Brasil. Minha visão é de elevar as posições aplicadas em juros nominais, concentrando risco na parte intermediária da curva. Ainda gosto, taticamente, de posições compradas em BRL contra moedas de G10. Acredito que bolsa local poderá apresentar desempenho positivo, seguindo o humor global mais construtivo para commodities.

 

Vale lembrar que, face a uma deterioração nas expectativas de crescimento, o governo está acelerando alguns projetos microeconômicos, como concessões com o intuito de dar algum suporte a economia. Além disso, alterações regulatórias estão avançando no Congresso, com o objetivo de atrair novos investimentos ao país. Vejo essa postura como acertada e positiva para as perspectivas locais, mas continuo cauteloso com o crescimento de curto-prazo.


 

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