Reflation: China joined the party!
Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, sem tendências definidas. O destaque da noite ficou por conta dos dados de inflação na China, que apenas reforçam a minha tese de que estamos no meio de um cenário, talvez pluri-anual, ou estrutural, de “reflação”/”reflation” no mundo.
O CPI passou de 2,1% YoY para 2,3% YoY e o PPI subiu de 1,2% YoY para 3,3% YoY. A forte alta no preço de algumas commodities recentemente explica grande parte da aceleração do PPI, que passou meses em patamar negativo nas leituras YoY e, agora, apresenta uma recuperação rápida e acentuada.
Os números de hoje não alteram de forma significativa o cenário de curto-prazo. Contudo, adicionam uma pitada de convicção na visão de que alguns ajustes de magnitude e instrumentos serão necessários na política monetária de algumas importantes economias do mundo. Já vimos este movimento nos EUA (alta de juros), Japão (steepening de curva) e, ontem, na Europa (extensão mais moderada do QE). Agora, com o cenário de crescimento mais saudável na China e uma inflação em alta, poderemos observar medidas de ajuste no país.
Como cansei de escrever neste espaço, a velocidade de abertura das taxas de juros no mundo desenvolvido importam tanto quanto, ou até mais, do que a sua direção. Assim, continuo vendo um cenário de diferenciação entre classes de ativos e regiões, enquanto os movimentos nas taxas longas do mundo desenvolvido estiverem controlados, como vimos nas últimas semanas. Caso o movimento volte a uma dinâmica de aberturas rápidas e acentuadas, certamente vivenciaremos movimentos mais agudos de “risk-off”.
No meu cenário base, passaremos por momentos de maior tranquilidade e racionalidade, como os últimos dias, pontuados por momentos de maios volatilidade e incerteza, como o período imediatamente posterior a vitória de Donald Trump. A única certeza é que o ambiente de juros excepcionalmente baixos ficou para traz, o que trará rodadas de maior volatilidade aos ativos de risco.
Assim, repito o meu mantra dos últimos dias: Os números recentes de atividade econômica ao redor do mundo confirmam um cenário de leve aceleração da economia global no terceiro trimestre do ano e início do quarto trimestre de 2016. Assim, confirma-se um ambiente de um pouco mais de crescimento, perspectivas de um pouco mais de inflação (no mundo desenvolvido) e, provavelmente, uma política monetária que demanda ajustes, pontuais e localizados, em termos de instrumentos e magnitudes, como a continuidade do processo de alta de juros nos EUA, mas com uma postura ainda expansionista em regiões como a Europa e Ásia.
Na minha visão, este cenário deverá continuar a favorecer movimentos de “reflation” nos mercados financeiros globais. Ajustado pela boa sazonalidade dos ativos de risco no final do ano, e uma posição técnica relativamente saudável, poderá ter um bom desempenho, no geral, dos ativos de risco (commodities em alta, desempenho saudável dos ativos de EM, bolsas bem suportadas, abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido e etc). Ainda vejo um cenário de alta estrutural do dólar e das taxas de juros nos EUA (e, talvez, no resto do mundo desenvolvido).
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