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Itália – A população italiana não aprovou a reforma política proposta no “referendum” realizado neste domingo. A decisão era de certa forma esperada, já que as pesquisas apontavam este resultado. Por u lado, a decisão adiciona uma pitada de incerteza ao país, pois o Primeiro Ministro (PM) já encaminhou sua demissão ao presidente. Pro outro lado, o caminho mais natural a se tomar será o apontamento de um novo PM, provavelmente com a mesma base de apoio do atual governo. O risco, contudo, continua a ser de eleições antecipadas e de uma potencial vitória de um partido radical, anti-establishmet e anti-euro.
Após abrirem pressionados (bolsas e commodities em queda, dólar forte, fechamento de taxas de juros) na noite de domingo, os ativos de risco vêm apresentando recuperação neste início de segunda-feira.
Áustria – As eleições no país deram vitória ao partido Verde, em detrimento ao partido radical de direita, anti-europa. Existia um risco crescente de que as eleições no país viessem a trazer ruídos adicionais à região, com mais uma vitória de um partido radical. Este cenário acabou não se concretizando.
Brasil – Após uma onda de pressões contra a equipe econômica, o governo veio a público reforçar seu apoio a Meirelles e Ilan. Existe uma preocupação natural com a baixa velocidade de recuperação da economia, e um esforço político para que medidas adequadas sejam tomadas. Na minha visão, a despeito de alguns erros na velocidade de reação em alguns temas “espinhosos”, o Governo está reagindo na direção correta aos desafios impostos pela a economia e pelo ambiente político. O melhor caminho a ser seguido é o ajuste fiscal, para que abra caminho a uma queda mais acentuada e estrutural das taxas locais de juros. Medidas microeconômicas também são positivas na direção de destravar os investimentos em infraestrutura e afins.
Os jornais de hoje estão dando novos detalhes em torno da Reforma da Previdência. Segundo a Folha: A proposta de reforma da Previdência que a equipe do presidente Michel Temer promete enviar ao Congresso nesta semana pode gerar economia de R$ 678 bilhões em dez anos, segundo cálculo do governo obtido pela Folha. O valor equivale a 22 anos de orçamento do programa Bolsa Família. Nesta segunda-feira (5), Temer apresentará a proposta a centrais sindicais e a líderes do Congresso. Segundo interlocutores do presidente, a ideia é enviar o texto ao Legislativo nesta terça-feira (6). Também irá ao ar uma campanha sobre o tema. Com o aumento da expectativa de vida e o crescimento dos gastos com Previdência, o governo quer endurecer as regras de acesso à aposentadoria, tanto para os servidores quanto para os trabalhadores da iniciativa privada. Um dos objetivos é aumentar o tempo dos brasileiros no mercado de trabalho. Haverá uma idade mínima de 65 anos para aposentadoria e um tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Para ter acesso ao valor completo, de acordo com a nova regra de cálculo, será necessário contribuir 50 anos. As novas regras devem valer para homens com menos de 50 anos de idade e mulheres com menos de 45. Os mais velhos teriam uma regra especial de transição para o novo regime, de 15 anos para os homens e 20 para mulheres.Quem reunir requisitos para se aposentar até a aprovação da reforma, mesmo que não tenha solicitado o benefício, não será atingido. Os brasileiros hoje podem se aposentar por idade -65 anos para homens e 60 para mulheres, além de 15 de contribuição- ou por tempo de contribuição. Nesse caso, é necessário completar 35 anos de contribuição (homens) ou 30 (mulheres).
No domingo, o país foi tomado por manifestações em favor da Operação Lava-Jato e seus desdobramentos. Do ponto de vista dos mercados financeiros locais, não me pareceu haver um movimento de repulsa ao atual governo, mas sim a alas do Congresso que tentam frear as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. O Governo não pode minimizar o pleito da sociedade, pois, caso faça, as manifestações podem virar-se contra ele. Por ora, o movimento me parece uma pressão natural e legítima contra a postura do Congresso, mas precisa ser devidamente valorizado pelo Governo.
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