Consolidação.

No cenário externo, eu classificaria a segunda-feira como um dia de realização de lucros dos principais movimentos verificados desde a vitória de Trump para presidente dos EUA. Os movimentos que merecem maior atenção são o enfraquecimento do dólar no mundo e a leve queda das bolsas globais. Interessante observar alguma pressão sobre o Cobre, mesmo em um dia de forte alta do Petróleo. Não vi nenhuma mudança de cenário para alterar as tendências recentes, o que me faz acreditar que os movimentos de hoje sejam meros ajustes de posições as vésperas da reunião do FOMC, nos EUA.

Vale ressaltar que a Treasuries de 10 anos testou patamares acima de 2,5% mas, até o momento, falhou em romper este nível psicológico. Acredito que, mais cedo do que tarde, este nível deverá ser superado.

No Brasil, confesso que exceto pelo mercado de renda variável, fiquei de certa forma surpresa de como o mercado de juros e câmbio digeriram relativamente bem o noticiário do final de semana. Mesmo que minha visão sempre tenha sido mais construtiva com relação ao ambiente político, vendo obstáculos pontuais como ruídos passageiros, acreditava que o vazamento de parte da delação premiada da maior empreiteira do país, com citações explicitas ao atual presidente, pudesse vir a criar uma nova onda de volatilidade para os ativos locais.

A dinâmica de hoje reforça a visão de que o cenário externo tende a se sobrepor sobre questões locais. Em um dia de forte movimento de dólar fraco no mundo, o BRL acabou passando por cima dos ruídos locais. No mercado de juros, as novas sinalizações do BCB em direção a juros mais baixos, e taxas menores estruturalmente também estão ajudando a ancorar a parte curta da curva. O Ibovespa, contudo, continua sofrendo a pressão de um cenário de recuperação apenas gradual da economia.

O mercado local de juros já embute cortes superiores a 50bps nas próximas 2 reuniões do Copom. Eu entendo que o mercado deva operar com prêmios de quedas maiores no curto-prazo, diante de um cenário de crescimento pífio, inflação corrente baixa e expectativas de inflação em queda. Contudo, o cenário de maior probabilidade ainda parece ser de quedas de 50bps nas próximas reuniões. Assim, ainda vejo a parte intermediária da curva como o melhor vértice para se posicionar, já que ainda precificam prêmios de alta de juros para o ano de 2018.


De maneira geral, estou trabalhando com exposição a risco menores no curto-prazo. Acredito que os prêmios no geral estejam menores e o cenário, local e externo, estejam um pouco mais nebulosos no curto-prazo, o que demandam uma postura mais tática no momento.

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