Brasil: Novas complicações para o cenário político.

O final de semana foi marcado por uma ampla cobertura da mídia ao vazamento do que seria um dos anexos da delação premiada da Odebrecht. Vale a pena ressaltar que o que está sendo reportado pelos veículos de comunicação seria apenas um dos cerca de 80 anexos, ou 80 capítulos, da delação premiada dos cerca de 80 executivos da empresa.

Minha primeira impressão é que o que está sendo ventilado na mídia é mais grave do que se esperava. Não apenas o núcleo central do PMDB e, consequentemente, o entorno do atual governo está sendo acusado de manter relações suspeitas com a principal empreiteira do país, mas o nome do atual presidente foi citado diversas vezes, mas exatamente, segundo a mídia, cerca de 40 vezes, apenas neste anexo, de um dos executivos da empresa. Ainda virão à tona uma série de boatos, com novos episódios, e o risco de novas complicações para o atual governo.

Ainda me parece cedo para traçar um cenário político mais claro para os próximos meses. Do lado positivo, precisamos manter o foco no encaminhamento do ajuste econômico. Enquanto este não for afetado, os riscos para a economia tendem a ser minorados. Além disso, o processo da delação premiada ainda será longo. O atual presidente não pode ser condenado por questões anteriores ao atual mandato. Finalmente, um ampla gama de partidos e políticos estão as voltas com o mesmo tipo de acusação, o que pode acabar tendendo a manutenção do equilíbrio político atual.

Do lado negativo, contudo, a delação acontece em um momento já delicado politicamente e economicamente para o país. As acusações podem vir a tirar apoio do atual governo. O entorno do presidente sofrerá baixas importantes, tanto no tocante ao ministério, quanto na articulação política no Congresso.

O Instituto Datafolha divulgou uma pesquisa, neste domingo, que mostra uma baixíssima popularidade do presidente e do atual governo, e uma ampla maioria da população favorável a novas eleições diretas.

Acredito que deveremos manter o cenário das últimas semanas, de baixa visibilidade política e elevada volatilidade dos mercados locais. Além do cenário local mais tumultuado, não podemos esquecer-nos do cenário cada vez mais claro de “reflation” no mundo desenvolvido, um ambiente longe do trivial para os ativos emergentes.

Acredito que seja o momento de manter uma postura mais cautelosa. Ainda gosto do mercado local de juros, mas com 4 quedas de 50bps já precificadas nas próximas reuniões do Copom, devemos ter movimento menos acentuados de agora em diante, pelo menos no curto-prazo. Mantenho postura tática no mercado de BRL e Ibovespa. 

Os países não membros da OPEP anunciarão que também irão promover cortes em sua produção, ajudando a dar suporte ao preço do petróleo.

Na Itália, o país migra para ter um novo governo.


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