Brasil: Green Shoots?

Segue abaixo um breve resumo dos acontecimentos do dia:

Brasil – Destaque para os dados de crédito divulgados pelo Banco Central. Os números mostraram os primeiros sinais mais animadores para o setor bancário e para a economia como um tempo após um longo período de deterioração. A despeito da manutenção da queda das concessões, observamos recuo nos spreads e nas taxas, além de um arrefecimento na inadimplência.

Os números de hoje ascendem um sinal positivo para as perspectivas econômicas, pois podem estar indicando que o pior para o mercado de crédito tenha ficado para trás. Estes números, adicionados às medidas anunciadas pelo governo nos últimos dias, deveriam ajudar a melhorar o humor dos investidores, especialmente no mercado de renda variável. Setorialmente, vejo espaço para um avanço dos setores mais ligados a economia doméstica e aos juros locais, que acabaram apresentando desempenho ruim nos últimos meses devido ao cenário mais negativo de crescimento, em detrimento ao setor de commodities, devido a meu cenário mais cauteloso com China no curto-prazo.


EUA – A semana termina sem números relevantes sendo divulgados. O New Home Sales e o Michigan Confidence pouco alteram o cenário para a economia do país. Assim, apenas reforço minha mensagem de ontem:

Até o momento, os mercados só se concentraram nos eventuais efeitos positivos que um governo liderado por Trump poderia gerar na economia e no preço dos ativos de risco. Existem riscos que precisam ser monitorados (protecionismo, medidas inflacionárias e etc). Não acredito que seja o caso de adotar um viés negativo no curto-prazo, mas os preços de alguns ativos parecem ter apresentando performance, talvez, a frente do que a realidade poderá concretizar. Assim, acho natural movimento de acomodação ou, até mesmo, alguma realização de lucros em mercados específicos.

China – De acordo com um artigo da Bloomberg:

Xi Said to Express Openness to Growth Below 6.5% as Debt Climbs
(Bloomberg) -- President Xi Jinping is open to China’s economic growth slowing below the government’s 6.5% target due to rising debt and concern about the global environment after Donald Trump’s election win in the U.S., according to a person familiar with the situation.
* Xi told meeting of Communist Party’s financial and economic leading group this week China doesn’t need to meet the objective if doing so creates too much risk, said the person, who asked not to be named because the discussions were private.
  * State Council Information Office didn’t immediately respond to faxed questions Friday about the growth target and debt levels.

Vejo este artigo como totalmente em linha com o que tenho escrito neste fórum desde o Central Economic Forum, a cerca de 1 semana atrás:


A única mudança que vejo como um sinal mais importante para uma eventual mudança de fundamentos ficou por conta da Central Economic Work Conference na China. A minha visão é que o governo chinês mudou o foco do crescimento para a administração de eventuais problemas financeiros e “bolhas” localizadas. Esta nova postura pode vir a ter impacto negativo em alguns mercados, como o de commodities, que subiram exponencialmente nos últimos meses. Alguns ativos de risco, em especial, foram muito influenciados por movimentos especulativos na China. Agora, com a perspectiva de uma possível desaceleração da economia, capitaneada por medidas mais restritivas, poderemos conviver com movimentos de correção de preços. Ainda não vejo este cenário como a migração para uma crise, mas apenas um ambiente menos construtivo, ou um pouco mais cauteloso no curto-prazo.

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